É
provável que você já tenha ouvido a seguinte afirmação: “Os tímidos não
herdarão o Reino de Deus”. Essa frase não está assim escrita, literalmente, em
nenhuma parte das Escrituras Sagradas, no entanto, essa assertiva tão difundida
no meio cristão, advém de uma inferência ao versículo 8 do capítulo 21 do livro
de Apocalipse em que está escrito: “Quanto, porém, aos covardes, aos
incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos
idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago
que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. ”
(Ap. 21.8) (Versão: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada).
Ocorre
que na versão para o português de João Ferreira de Almeida, Corrigida e
Revisada, Fiel, este versículo está assim escrito: “Mas, quanto aos tímidos, e
aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos
feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago
que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte. ”.
Os tímidos
Esta
aparente divergência de texto entre as duas versões citadas na verdade se dá
pelo fato de que nos originais gregos a palavra utilizada no início do
versículo é δειλός (deilois) que significa tímido, medroso, covarde.
No
entanto, como fica claro ao observarmos o sentido do vernáculo grego, a timidez
a que corresponde a palavra grega usada no texto não se trata da chamada
timidez comportamental, mas sim do medo de agir e de se posicionar, e, no caso
específico, o medo de agir e se posicionar ao lado de Cristo.
A
timidez comportamental é, via de regra, uma expressão de medo: o medo de não
ser aceito, medo de ser repreendido, medo de errar, medo de ser envergonhado.
Embora
a Palavra de Deus também nos esclareça que não devemos ter qualquer tipo de
medo, pois, “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança
fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é
aperfeiçoado no amor” (1Jo. 4.18), o versículo de Apocalipse não se
refere ao medo da timidez comportamental.
A
covardia, ou timidez (na versão Corrigida e revisada Fiel) se refere ao medo
que temos de nos posicionar como cristãos frente ao mundo.
Muitas
vezes, somos “cristãos fervorosos” dentro da igreja, mas no nosso trabalho, na
escola, no bairro, com os amigos, evitamos nos posicionar como cristãos para
não perder amizades, às vezes, para não perder vantagens ou até mesmo para não
perder o emprego.
Outra
“timidez” condenada na Palavra de Deus é aquela que nos impede de pregar a sua
Palavra quando temos a oportunidade ou de participar ativamente nas atividades
da nossa congregação, sob alegações como: sou tímido, tenho vergonha, não sei
falar em público, e tantas outras.
Ao
lermos o capítulo 25 do evangelho de Mateus encontramos um relato onde Jesus
anunciava a Sua segunda volta e contava parábolas aos seus discípulos, dentre
elas, a parábola dos talentos (Mt. 25. 14-30), muito conhecida no meio cristão.
Nessa
parábola, dos três servos que foram chamados para cuidar dos bens do seu
senhor, aquele que foi considerado servo inútil, quando este voltou, foi o que
não fez multiplicar o talento do senhor e, embora honesto, pois devolveu
integralmente o que lhe foi confiado, se declarou receoso e, por isso escondeu
o talento recebido (Mt. 25. 24-25).
Covardia
Aqueles
que têm medo de assumir o seu lugar junto a Cristo, que têm medo de se declarar
verdadeiramente cristão, não com meras palavras, mas em espírito e verdade (Jo.4.24), que, receoso “esconde o Seu talento”, está desprezando o próprio Senhor
e deixando de acreditar em Sua Palavra quando diz: “não temas, porque eu sou
contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te
ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is. 41.10).
Lembremos
que “ Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de
poder, de amor e de moderação” (2Tm. 1.7). Notemos também que,
conforme essa declaração inspirada de Timóteo, Deus nos dá o espírito de poder,
mas também de moderação, ou seja, devemos ter bom senso, não é necessário sair
dizendo por aí, o tempo inteiro, “eu sou cristão”, e, muito menos, querer
converter pessoas na base da força, mas, quando necessário, exercer o nosso
poder em Cristo Jesus.
Portanto, arregacemos as mangas e assumamos a nossa parte na Obra do Senhor, com bom ânimo...
É
essa covardia, de vivermos como o Senhor quer que vivamos, que é combatida, não
apenas no capítulo 21 de Apocalipse, mas em toda a Palavra de Deus, e é essa
covardia que devemos combater em nós mesmos, pois, como nos alertou o Senhor
Jesus: “qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se
envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se
envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com
os santos anjos. ” (Mc. 8.38)
Portanto,
arregacemos as mangas e assumamos a nossa parte na Obra do Senhor, com bom
ânimo, sem olhar para trás (Lc. 9.62), e façamos como o salmista Davi ao dizer:
“Em Deus, cuja palavra eu louvo, no SENHOR, cuja palavra eu louvo, neste Deus ponho
a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem? ” (Sl. 56.10-11).
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São tantas as desculpas e empecilhos que alegamos existirem, não é irmão, para realizarmos o trabalho para o qual fomos designados: cuidar da família, nosso trabalho, falta de tempo, o que os outros irão pensar, e se ninguém gostar, e se eu me vir (aparentemente) falando sozinho.
ResponderExcluirMas como eu disse, chega uma hora que percebemos que são simplesmente desculpas. E deixamos de acreditar que somos capazes, com todos estes “empecilhos”. Porém Deus nos capacitou. E se o mundo coloca barreiras e dificuldades, clamemos a Ele, e Ele nos dará Força, Coragem, Discernimento e Sabedoria (é o que sempre peço em minhas orações). Coloquei estas palavras em maiúscula, porque sim é só Ele (acredito) que é capaz de nos abastecer destes requisitos, tão necessários para que nos mantenhamos firmes no propósito.
Não existe outro motivo para estarmos aqui, não existe outro propósito, do que crescermos, amadurecermos e nos desenvolvermos espiritualmente, no entanto, isto só se dará, quando nos colocarmos no papel para o qual fomos preparados, como obreiros e servos do Senhor Jesus.
Além e acima de tudo, e por trás de toda aparência do mau, SEMPRE foi isso que eu antevia, mesmo na minha ignorância e ainda não compreendendo e agindo de forma equivocada e errônea (perseverando no mau).
Sem o Senhor nada podemos fazer, mas uma vez estando com Ele seremos mais que vencedores na realização de Sua obra, por isso precisamos ter bom ânimo todo o tempo e nos lembrarmos que resistindo ao diabo (e suas sugestões de medo, incompetência e fracasso, dentre outras) ele fugirá de nossa presença. Deus continue te abençoando irmã.
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