Muitas
vezes, diante das dificuldades, ou diante das ofertas cada vez mais abundantes
do mundo atual, alguns cristãos se perguntam: como resistir ao pecado?
De
fato, em um mundo que jaz no maligno (1Jo.5.19) em que encontramos muitos
chamando o mal de bem e o bem de mal (Is. 5.20), onde a apostasia é encontrada,
muitas vezes, no seio das congregações, onde as pregações, cada vez mais, se
resumem a suposta barganha de bens com Deus para obtenção de bênçãos, e a busca
ansiosa pela prosperidade material tem substituído nos púlpitos a mensagem de
amor, esperança e santidade do Senhor Jesus, é comum encontrarmos cristãos
sinceros sem rumo a se perguntar: como resistir ao pecado?
O que é pecado
Para
respondermos a essa pergunta precisamos ter inicialmente uma noção, ao menos
básica, do que é pecado. Dessa forma, vamos buscar na Palavra de Deus o seu conceito.
Encontramos
na Primeira Epístola de João a afirmação de que “ Todo aquele que pratica
o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. ”
(1Jo. 3.4). Ainda na mesma epístola de João aprendemos que “Toda injustiça é
pecado” (1Jo. 5.17). Portanto, nesta epístola compreendemos que pecado é toda e
qualquer injustiça e toda transgressão da lei, mas de que lei? Aqui o texto não
se refere a lei humana e tampouco se resume a Lei de Moisés, mas à lei de Deus,
que, inclusive, para os que nunca tiveram contato com as Sagradas Escrituras, a
possuem gravada em seus corações (Rm. 2.15).
Mas,
o pecado não é apenas isso. Encontramos na epístola de Tiago a informação de
que “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando. ”
(Tg. 4.17), ou seja, a omissão em fazer o bem, em fazer o que é correto e de
acordo com a vontade do Senhor, também é pecado.
Já
na epístola de Paulo aos romanos, o apóstolo nos revela que “tudo o que não
provém de fé é pecado” (Rm. 14.23) e isto é assim porque “tudo o que fizerdes,
seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus” (Cl. 3.17), ou
seja, todo o nosso proceder deve ser fundamentado no nome, na vontade, na lei
de Deus.
Devemos
lembrar também que o Senhor Jesus nos alertou que o fato de alimentarmos
pensamentos pecaminosos, mesmo que sem coloca-los em prática, também se
constitui em pecado (Mt. 5.28). Porém, lembremos ainda que existe uma diferença
sensível entre tentação e pecado, sobre a qual já comentei em um texto anterior
intitulado Tentação e Pecado.
Como
vimos, o termo pecado engloba não apenas atitudes, mas também omissões e
pensamentos, por isso evita-lo, nem sempre é uma tarefa simples, sobretudo
porque possuímos hoje uma natureza corrompida em virtude do pecado de Adão e
Eva que nos deu por herança um coração desesperadamente corrupto (Jr. 17.9).
No
entanto, precisamos ter em mente que não existe pecado irresistível, pois, o
Senhor não permite que sejamos tentados além de nossas forças (1Co. 10.13) e o
apóstolo Tiago nos dá a receita infalível para nos livrarmos da iniquidade
quando diz: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá
de vós. ” (Tg. 4.7).
Resistir
Percebamos
que o meio desta frase é resistir ao diabo, ou seja resistir as suas tentações,
suas ofertas, suas insinuações, sempre que elas surgirem em nossa mente. Como
consequência dessa resistência, esse é o final da frase, o inimigo fugirá de
nós, ou seja, não nos perturbará, não terá poder nem domínio sobre nós. Como
conseguirmos essa resistência, a mesma afirmação de Tiago também responde: “nos
sujeitando a Deus”, ou seja, entregando verdadeiramente o controle de nossas vidas
a Deus, O reconhecendo como Senhor de nossas vidas, aceitando e louvando os
caminhos que Ele tem para nós, mesmo que, por vezes, não nos pareça agradável
ou compreensível, colocando em nossas vidas o Seu julgo, porque ele é suave (Mt.11.30) e nos traz a salvação, pois o Senhor “dá graça aos humildes. ” (Tg.4.6).
Veja,
da mesma forma que nossas iniquidades nos afastam de Deus (Is. 59.2), nossa
aproximação, submissão, comunhão com o Senhor nos afastará do pecado.
...porém precisamos nos manter firmes e perseverantes na batalha, vigiando e orando...
Porém,
é preciso termos em mente que essa resistência às tentações do inimigo não se
obtém por nossos próprios esforços, pois sem o Senhor nada podemos fazer (Jo.15.5). É evidente que precisamos nos dispor a resistir ao pecado, precisamos
querer verdadeiramente nos livrarmos dele, no entanto necessitamos clamar ao
Senhor para que nos ajude nessa batalha, pois a vitória nela não será obtida
por força ou poder, mas pelo Espírito de Deus (Zc. 4.6).
O
apóstolo Paulo nos dá uma valiosa dica de como reduzir, em nossa mente, os
espaços da tentação que nos leva ao pecado: preenchermos ela com pensamentos
que glorifiquem ao Senhor (Fp. 4.8). Lembremos que o próprio Cristo nos
recomenda a vigiar e orar (Mt. 26.41).
Por
fim, lembremos que não devemos nos desesperar caso, mesmo seguindo as dicas
bíblicas que mencionamos aqui, o pecado pareça demorar para abandonar a nossa
vida, pois bem sabemos que “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv. 4.18), a vitória sobre a
tentação e o pecado pode não vir, e provavelmente não virá, imediatamente,
porém precisamos nos manter firmes e perseverantes na batalha, vigiando e
orando, pois, a perseverança produz experiência e a experiência esperança (Rm.5.3-4) e não podemos, jamais, nos acomodar no pecado pois, aquele que está com
Cristo não vive pecando (1Jo. 3.6).
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