Em tempos trágicos de Pandemia em
que muitas vidas estão sendo ceifadas em virtude de um vírus que a ciência
demora em descobrir formas eficientes de combater, tenho observado nas pessoas
as reações mais diversas. O luto, o medo, a preocupação, a dor, a negação são
algumas das reações mais evidentes que ocorrem em diversos grupos sociais.
Porém quero me ater aqui especialmente ao meio cristão.
Clamores Cristãos?
Têm se multiplicado, seja nas
redes sociais virtuais ou fora delas, a exposição de frases bíblicas
(normalmente fora de contexto) como um mantra de positivismo, muitas orações e
clamores (alguns inclusive em tom imperativo como se estivesse dando uma ordem
ao Senhor), pedidos e chamamento para orações, e até mesmo tenho visto
convocações para a prática de jejum, toda essa atividade realizada com o
objetivo de afastar a pandemia da atual realidade mundial.
Se desejamos ser atendidos em nossos clamores ao Senhor e fazê-los sinceros, precisamos saber pedir...
Em que pese o fato de que a
oração, o clamor, a exposição de textos bíblicos e o jejum devam ser atitudes
praticadas pelos cristãos durante uma crise, assim como também fora dela, há
que se perguntar por que tais atitudes, com tamanho fervor, só estão sendo tomadas
agora?
Muito antes da pandemia o mundo
já vinha sendo assolado pela miséria, pela fome, pela intolerância, pela
violência, pela corrupção, pela indiferença, por muitas doenças causadas pela
falta de condições básicas de saúde a qual estão submetidas milhões de pessoas,
pelo desemprego e por tantos outros males que vêm causando milhares de mortes
todos os dias mas que muitas vezes são observados pela sociedade atual,
inclusive a cristã, como normais.
Como ser ouvido?
O fato é que, associado ao medo
de contrair o vírus, o desejo de aparecer para a sociedade como cristão
fervoroso(a) tem levado muitos cristãos a realizar e a convocar outras pessoas
para orações, clamores e jejuns. Muitos inclusive publicam nas redes sociais
virtuais seus próprios “momentos de fé”. Porém qual realmente a utilidade de
tudo isso diante de Deus se tais ações são promovidas e executadas por pessoas
que praticam a indiferença ao próximo, a intolerância (seja ela cultural,
social, política, religiosa, sexual...), o egoísmo, o adultério, a corrupção, a
mentira, enfim por pessoas que honram ao Senhor com os lábios mas mantém longe
dEle o coração(Mt. 15. 7-8))?
Se desejamos ser atendidos em
nossos clamores ao Senhor e fazê-los sinceros, precisamos saber pedir, como nos
alertou o apóstolo Tiago (Tg. 4.3) e verdadeiramente andarmos em Espírito
evitando as concupiscências da carne (Gl. 5.16) como nos alertou o apóstolo
Paulo.
A esse respeito o Senhor, por meio
do profeta Isaías, falando a respeito do jejum aceitável é muito esclarecedor
quando diz: “Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em
saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito
do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a
Deus, dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que
afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que
jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o
vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com
punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria
este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua
cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu
a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que
escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da
servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é
também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres
desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então,
romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça
irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda; então, clamarás,
e o SENHOR te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se
tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires
a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas
trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. (Is. 58. 2-10)
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