Quem ler com atenção os dez mandamentos que encontramos no livro de Êxodo, capítulo 20, perceberá sem muita dificuldade que eles são divididos em duas partes: a primeira que diz respeito a nossa relação com Deus e a segunda referente a nossa relação com o outro, com o próximo, nossa relação social.
As divisões dos mandamentos
A primeira se inicia no primeiro
mandamento que diz: “Não terás outros deuses diante de mim.” (Ex. 20.3), e se
encerra no quarto mandamento que diz: “Lembra-te do dia de sábado, para o
santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho,
nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o
forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os
céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por
isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Ex. 20.8 - 11)
A segunda parte se inicia no quinto mandamento que diz: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.” (Ex. 20.12) e se encerra no último mandamento do Decálogo que diz: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.” (Ex. 20.17).
Essa divisão não foi colocada nas
Escrituras Sagradas de forma aleatória, tampouco Deus os dividiu dessa forma
para que se organizassem melhor nas duas tábuas da lei. Na verdade, essa
divisão é intencional tanto é assim que esse padrão se repete em outras
situações, como por exemplo nas palavras de Jesus a respeito dos principais
mandamentos, vejamos:
Quando um intérprete da Lei
perguntou a Jesus qual era o grande mandamento, Jesus Respondeu: “[...] Amarás
o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem
toda a Lei e os Profetas.” (Mt. 22. 37-40).
Devemos observar que o padrão se
repete: Primeiro a nossa relação com Deus, mas ligada a essa relação aparece
logo em seguida a nossa relação com o próximo.
Se observarmos a oração que Jesus
nos ensinou perceberemos que ela também segue esse padrão: primeiramente nos
dirigimos a Ele, declaramos santificado o Seu nome e pedimos a vinda de Seu
reino. Logo em seguida pedimos o NOSSO pão, o perdão das NOSSAS dívidas, pois NÓS
devemos também perdoar os NOSSOS devedores.
O padrão e a vontade de Deus
Nenhuma afirmação na bíblia está
ali por casualidade, pois toda ela, cada pedacinho dela nos é útil para “[...]
o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.” (2Tm. 3. 16-17).
É preciso urgentemente se mudar a mentalidade dos cristãos da atualidade que pensam que podem se achegar a Deus sem olhar para o outro...
Quando Deus criou o homem do pó
da terra e juntou a esse, Seu Espírito, fazendo surgir desses dois “elementos”
um terceiro ser dicotômico, a alma (Gn. 2.7) que olha para o alto em seu relacionamento
com Deus e para baixo em seu relacionamento com o corpo, quando Deus disse que
não era bom que o homem estivesse só (Gn. 2.18), quando Deus disse que homem e
mulher se unem tornando-se os dois uma só carne (Gn. 2.24), em todas essas
situações Ele estava determinando um padrão e revelando a Sua vontade: O ser
humano não foi feito para viver isolado, nem mesmo em seu relacionamento com o
Senhor. Ele precisa do relacionamento com o outro. O padrão encontrado nos dez
mandamentos e nas palavras de Jesus nos relembram essa vontade divina.
É preciso urgentemente se mudar a
mentalidade dos cristãos da atualidade que pensam que podem se achegar a Deus
sem olhar para o outro, de forma individualista e egoística. Aquele que achar
que ir à igreja fazer orações, escutar a Palavra de Deus pregada, participar de
rituais, pedir bênçãos individuais e voltar para casa sem olhar para o outro, sem buscar atender
as suas necessidades, sem amar ao irmão é suficiente para agradar a Deus está
se enganando gravemente, pois tal qual lobo vestido em pele de cordeiro (Mt.
7.15), está distorcendo as palavras do Senhor e com isso tentando zombar dEle (Gl.
6.7) e naquele dia pode ouvir da boca de Deus “[...]nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. (Mt. 7.23)
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Praticar os mandamentos deveria ser uma obrigação nossa para com Deus. Mas infelizmente o que mais existe são os falsos profetas, que em nome de Deus, mentem, enganam, ludibriam, traem, fazem uma porção de coisas erradas mas se escondem na palavra de Deus. Usam o nome de Deus pata se esconder o que na verdade são, falsos moralistas. No fundo, são egoístas, egocêntricos, falsos, mentiroso, mas continuam sendo filhos de Deus.
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