Quando o apóstolo Paulo,
escrevendo aos gálatas, diz: “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos
conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.” (Gl. 3.24) ele
nos relata a dinâmica da revelação de Deus nas escrituras.
Nesse texto a palavra aio
significa guia, condutor e na língua em que esse texto foi escrito
originalmente, a língua grega, a palavra utilizada é παιδαγωγός (paidagogós).
Quem é da área de educação sabe que a palavra grega παιδαγωγός é a origem
da nossa palavra pedagogo e por extensão da palavra pedagogia.
O mundo greco-romano
Na Grécia antiga o pedagogo (παιδαγωγός) era um escravo
encarregado de conduzir (e depois levar de volta ao lar) os filhos de seus
senhores a um preceptor que se encarregaria de ensinar os conhecimentos
considerados fundamentais para a educação de um cidadão grego, grosso modo
poderia se dizer que era o escravo encarregado de levar a criança a “escola”
daquela época.
Porém o pedagogo na Grécia antiga e ainda mais fortemente na Roma antiga, período em que Paulo escreveu suas cartas, não era apenas alguém que conduzia a criança a uma escola, não era apenas um guia, ele era também responsável por transmitir e reforçar, sobretudo na forma de prática, os conhecimentos adquiridos e por vezes o próprio escravo era o preceptor.
Percebemos então, à luz do
sentido de pedagogo no mundo greco-romano, que o apóstolo Paulo está afirmando o
caráter fundamental da Lei para chegarmos a Cristo. Era com o escravo grego que
o filho do senhor fixava os ensinamentos do preceptor e os desenvolvia na vida
prática. A Lei foi o exercício prático moral, cerimonial e jurídico necessário
a recepção da ética de Cristo Jesus.
A função da Lei
A revelação divina no Antigo
Testamento não foi, portanto, apenas um período meio que obscuro da humanidade
cuja única função era nos guiar até chegar o tempo do entendimento em Cristo. A
revelação contida no Antigo Testamento faz parte do próprio entendimento.
Dessa forma, não devemos considerar os textos do Antigo Testamento como menos importantes ou apenas como relatos históricos aos quais não precisamos dar muita atenção
A rigor não existe uma ruptura
entre Antigo e Novo Testamento, nem mesmo uma sobreposição, mas apenas uma
continuidade, uma consumação em Cristo, por isso Ele afirmou que não veio
revogar a Lei, mas cumpri-la (Mt. 5.17). Alguns teólogos afirmam que o Antigo
Testamento contém oculto o Novo e o Novo contém o Antigo Testamento revelado.
A Lei, e com esse termo queremos
abranger todos os escritos do Antigo Testamento, nos serviu e serve como forma
didática para revelar nossa inteira dependência de Deus, pois ao mostrar nosso
infeliz estado pecaminoso deixa-nos claro que jamais seremos capazes por nós
mesmos de atingir o padrão de santidade exigido pelo Senhor. A Lei é a
pedagogia de Deus nos capacitando para recebermos a salvação eterna em Cristo
Jesus.
Dessa forma, não devemos
considerar os textos do Antigo Testamento como menos importantes ou apenas como
relatos históricos aos quais não precisamos dar muita atenção, ao contrário, na
escola de Deus, Cristo é o preceptor por excelência, mas é nas mãos do pedagogo
que entendemos que o Seu ensino de fato diz respeito a nós.
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