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O QUE REALMENTE A BÍBLIA DIZ SOBRE O DOM DE LÍNGUAS - PARTE 5


Na Primeira Parte deste estudo analisamos Mc. 16. 14-18, onde Jesus comissiona seus discípulos a pregar o evangelho por todo o mundo e fala dos sinais que seguiriam àqueles que cressem. Na Segunda Parte estudamos o capítulo 2 do Livro dos Atos dos Apóstolos, bem como os capítulos 10 e 19 do mesmo livro, que também mencionam o dom de falar em línguas, dado pelo Espírito Santo. Na Terceira Parte do estudo iniciamos a análise da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulos 12, 13 e 14, tendo como ênfase o capítulo 13. Na Quarta Parte continuamos com o estudo da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios e nos detemos com maior atenção no capítulo 12.
Hoje visitaremos o capítulo 14 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios e faremos uma análise geral de tudo o que foi visto até aqui.

O orar em línguas

1Co. 14.22
Alguns irmãos costumam usar, para afirmar que Paulo se referia a línguas não humanas, os versículos 13 e 14 do capítulo 14 da Primeira Epístola de Paulo ao Coríntios, quando o apóstolo diz que aquele que fala em outra língua deve orar para que possa interpretar e que se isso não acontecer, ou seja, se o irmão orar em outra língua, mas não interpretar, o espírito estará orando, mas a mente estará infrutífera, pois não entenderá as palavras.
É preciso entender que nos tempos apostólicos não havia escolas de línguas como nos dias atuais, portanto era muito mais difícil aprender um novo idioma, em virtude disso Paulo recomenda que aquele que recebeu o dom de falar em outros idiomas que também buscasse o dom de interpretá-los para que ele mesmo entendesse as palavras ditas e também toda a igreja, pois, apesar de uma oração feita em outro idioma também chegar a Deus e com isso gerar edificação a quem ora, a mente não compreenderia as palavras.

...é um alerta aos coríntios de que eles deveriam procurar, antes de tudo, o amor, pois de nada adiantaria ter dons sem ter amor...

Devemos lembrar que o único momento em que Deus se utilizou de línguas ininteligíveis com os homens (e elas só foram ininteligíveis naquele momento, pois todo o povo falava apenas um idioma) foi em Gn. 11, quando surgiu a diversidade de línguas, em virtude da prepotência do homem em construir uma torre que chegasse até ao céu. (Gn. 11. 1- 9). Naquele momento o objetivo era dispersar os homens, desunir. Qual o objetivo nos dias atuais de falar na igreja línguas que ninguém entende?
É preciso também ter em mente que toda a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios é repleta de recomendações, orientações e repreensões do apóstolo à Igreja de Corinto e no caso dos capítulos 12, 13 e 14 não é diferente. Paulo está corrigindo o costume dos irmãos de Corinto que estavam incorrendo em muitos erros e provocando a desunião da igreja.
Todo o capítulo 13 é um alerta aos coríntios de que eles deveriam procurar, antes de tudo, o amor, pois de nada adiantaria ter dons sem ter amor. No capítulo 12 Paulo esclarece que nem todos tem o mesmo dom, pois é o Espírito quem decide quem vai ter qual dom (v.11) e que todos eles são importantes (vs. 12 – 31).

O principal sinal

Então o dom de falar em outras línguas humanas é ou não o principal sinal do batismo no Espírito Santo?
Após analisarmos todos essas referências bíblicas fica fácil responder que não. Caso fosse necessário haver mesmo um sinal principal, o próprio Paulo indica qual seria: o dom da profecia, pois “quem profetiza é superior ao que fala em línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação” (1Co.14.5), pois a “manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (1Co. 12.7).
No entanto, como afirma o apóstolo, todos os dons são importantes no Corpo de Cristo, além do mais o dom de falar em línguas é um “sinal não para os crentes, mas para os incrédulos” (1Co. 14.22) e foi por meio desse sinal que quase três mil incrédulos se converteram em Jerusalém (At. 2. 1-41), portanto como pode ser hoje considerado como o principal e, para alguns, o único sinal de que alguém foi batizado no Espírito Santo?
O que parece haver é uma ideia equivocada entre algumas pessoas, uma espécie de “ditadura das línguas” onde os irmãos são quase obrigados a demonstrar um suposto dom de falar “línguas angelicais” publicamente, sob o risco de serem considerados “cristãos de segunda classe”, caso não o façam.
Percebemos, então, que tal comportamento não tem qualquer fundamento bíblico, pois, não só Texto Sagrado não se refere, em momento algum, ao dom de falar em “língua de anjos”, como o próprio apóstolo Paulo, que foi quem mais tratou do assunto dos dons espirituais, não considerava o dom de falar outros idiomas, dado pelo Espírito Santo, como o dom mais importante.
Dessa forma irmãos, se buscamos, verdadeiramente nos parecer com Cristo (Ef. 5.1) e ter Seu rosto resplandecendo em nós (Nu. 6.25) devemos buscar, antes, os frutos do Espírito (Gl. 5. 22-26), porque, conforme a vontade soberana do mesmo Espírito, os dons virão por acréscimo.
Encerramos aqui este estudo que, para mim, foi muito gratificante e espero que tenha sido também para os irmãos e irmãs. Desejo que o Espírito Santo fale mais aos vossos corações.
Sintam-se à vontade para postar seus comentários, ou mesmo, colocar suas dúvidas. Fiquem na Paz. Um forte abraço.



OBRAS REFERIDAS NESTE ESTUDO

ALAND, Barbara; ALAND, Kurt; KARAVIDOPOULOS, Johannes; MARTINI, Carlo M.; METZGER, Bruce M. O Novo Testamento Grego. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.

BÍBLIA Interativa. Bíblia sagrada: Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Disponível em: < http://www.sbb.org.br/interna.asp?areaID=71>

BÍBLIA Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.

HANHART, Rahlfs. Septuaginta. Stuttgart: Editio Altera, 2006

MALHADAS, Daisi; DEZOTTI, Maria Celeste Consolin; NEVES, Maria Helena de Moura. Dicionário Grego-Português. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006.

OMANSON, Roger L. Variantes Textuais do Novo Testamento, Análise e Avaliação do Aparato Crítico de “O Novo Testamento Grego”. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.

STRONG, James. Dicionário bíblico Strong: Léxico hebraico, aramaico e grego de Strong. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.

תנ"ך(Tanakh).  ירושלים:קורן.2008

VINE, W.E. Vine dicionário expositivo de palavras del antiguo y del nuevo testamento exhaustivo. Miami: Editorial Caribe, 1999.


Comentários

  1. Ficou muito bom o estudo irmão Carlos, e bastante esclarecedor, visto que busca-te a fundamentação bíblica para suas colocações, e fizeste de maneira cuidadosa e primorosa. Gostei da finalização que foi dada, mencionando o capítulo 13 de Coríntios, o qual fala dos dons, e de como são dados a nós, sendo todos um em Cristo. Este é um dos meus capítulos preferidos no estudo da Palavra.
    Importante também a referência que o irmão fez ao fato de que, sem amor, que é a própria essência dos ensinamentos do Cristo, os dons perdem, em si mesmos, a razão de ser.
    Parabéns! Desejo que Deus continue te abençoando e te ajudando a si manter firme neste propósito. O mundo está carente da Palavra de Deus e de quem a encare e estude de maneira séria.
    Um forte abraço!

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    1. Amém, irmã Eliane. Obrigado pelos comentários. Deus continue te abençoando abundantemente, a você e a toda sua família. Fique na Paz. Um forte abraço.

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