Na
Primeira Parte desse estudo começamos a descrever a Parábola dos Trabalhadores
na Vinha, contada por Jesus, e analisamos como era contado o tempo pelos judeus
dos tempos do Novo Testamento
Nesta
Segunda Parte deste estudo iniciaremos uma análise sobre o conteúdo literal e
simbólico dessa parábola que encerra um profundo ensinamento do Senhor, e
veremos como ele ainda se aplica nos dias atuais.
Começaremos
analisando a resposta do dono da casa aos trabalhadores queixosos: “Amigo, não
te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te;
pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito
fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? ”
(Mt. 20. 13-15).
A justiça do dono da casa
De
fato, o proprietário da vinha não estava fazendo nenhuma injustiça, pois estava
pagando aquilo que tinha acertado com os trabalhadores. O salário que aquele
homem havia combinado com os primeiros trabalhadores era um denário e
precisamente era isso que eles estavam recebendo. O dono da casa então afirma
que está sendo com eles absolutamente justo, pois cumpre o que havia prometido.
A
segunda parte da resposta do proprietário da vinha se refere a sua liberdade de
fazer o que lhe aprouver de seu dinheiro, então, compete a ele, e não aos
trabalhadores, decidir se vai dar mais ou não a cada um deles, pois os bens são
do proprietário e não dos que trabalharam para ele.
A
terceira parte da resposta do proprietário questiona se a queixa daqueles
trabalhadores não teria sua origem na maldade e na inveja deles, pois sabiam
que ele havia sido justo com eles, mas se queixam de ter sido bom com os
demais.
O significado da parábola
Agora
lembremos que essa parábola representa o reino dos céus, Jesus a inicia
dizendo: “Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de
madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. ” (Mt. 20.1),
portanto é fácil perceber que o dono da vinha representa o próprio Deus.
Os
primeiros trabalhadores da parábola representavam os judeus que haviam sido
escolhidos como o Povo de Deus (Gn. 17.8), por meio da aliança do Senhor com
Abraão (Gn. 17.7). Os outros trabalhadores seriam os demais povos que se
achegaram ao Senhor posteriormente e, por fim, os cristãos.
De
fato, nos tempos de Cristo, os judeus, sobretudo os mais conservadores, por
possuírem uma longa história de relação com Deus desde o tempo dos patriarcas,
se achavam os únicos capazes a terem alguma ligação com o Senhor, os únicos
merecedores das graças de Deus. Estrangeiros eram bem-vindos desde que se
adaptassem as suas leis. Jesus e a aliança da graça era considerado uma
aberração e uma blasfêmia.
Os dias atuais
Nos
dias atuais podemos encontrar muitos dos “primeiros trabalhadores” nas diversas
igrejas, defendendo um suposto status quo da salvação, crendo que por estarem
por muito tempo dentro da denominação são mais merecedores de receber as
bênçãos do Senhor ou de possuírem maior conhecimento ou comunhão com o
Pai.
Se
compreendermos a profundidade da parábola dos trabalhadores da vinha,
entenderemos que, assim como é ao dono da vinha que compete decidir quanto e a
quem vá dar do seu dinheiro, também compete a Deus, e apenas a Ele, decidir a
quem, como, quando e quanto vai dar de suas bênçãos.
Mas,
certamente, assim como aquele proprietário da vinha procedeu com justiça para
com os primeiros trabalhadores pagando aquilo que havia combinado, assim também
Deus pagará a cada um de nós com absoluta justiça. Afinal, cada um receberá
segundo as suas obras (Sl. 62.12).
... assim como é ao dono da vinha que compete decidir quanto e a quem vá dar do seu dinheiro, também compete a Deus, e apenas a Ele, decidir a quem, como, quando e quanto vai dar de suas bênçãos.
No
entanto, se tomando o texto literal da parábola, o fato de o proprietário da
vinha pagar aos últimos trabalhadores o mesmo valor pago aos primeiros possa
ser considerado apenas bondade deste para com os últimos, quando analisamos
como Deus entrega aos últimos que se converteram ao Seu Nome o mesmo céu e a
mesma vida eterna que obtêm os que O receberam desde os primeiros dias de suas
vidas, isso não é apenas bondade, mas também justiça.
Mas,
como a entrega de um mesmo pagamento a quem passou menos tempo na obra e a quem
passou mais tempo pode ser justa? Isso não é um contrassenso? Descobriremos
isso na Terceira Parte do nosso estudo. Então até lá.
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