Na
Primeira Parte deste Estudo falamos sobre como os conceitos de predestinação e
presciência divina estão intimamente relacionados e como é enganadora a crença
de que Deus predestina aleatoriamente a quem vai salvar ou destruir.
Neste
post buscaremos entender melhor alguns versículos que são citados
equivocadamente pelos defensores da predestinação determinista como fundamento
dessa crença.
Os
versículos 8 a 13 e 19 a 24 do capítulo 9 da epístola de Paulo aos romanos
parecem sugerir uma predestinação meio aleatória, sendo inclusive utilizados
como base das alegações de alguns defensores dessa crença, no entanto ao lermos
mais detalhadamente todo o texto dos capítulos 8 a 11 compreendemos melhor o
significado das explicações de Paulo sobre o tema.
O povo escolhido
Paulo
estava escrevendo aos irmãos da igreja que estavam em Roma (Rm. 1.7), em grande
parte judeus, e sobre o povo de Israel afirma que “Pertence-lhes a adoção e
também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas; deles são
os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne” (Rm. 9. 4-5).
Porém, diz também que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm.9.6). Ou seja, embora, os Israelitas tenham sido o povo escolhido por Deus, nem
todos que faziam parte desse povo haviam, de fato escolhido, a Deus como
Senhor.
E
por que isso aconteceu? Afinal se houvesse uma predestinação determinista,
deveria começar pelo povo que o próprio Deus escolher para ser Seu. O apóstolo
responde essa questão quando escreve: “Que diremos, pois? Que os gentios, que
não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei. Por quê?
Porque não decorreu da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de
tropeço” (Rm. 9.30-32).
Portanto,
percebemos que as obras das quais fala o apóstolo nos versículos 8 a 13, se
refere às obras da Lei, ou seja, ao fato de que a escolha por parte de Deus
para a salvação não se daria pelo cumprimento das Leis de Moisés, mas sim pela
Graça.
Paulo,
mais adiante, explica que os israelitas de seu tempo tinham “zelo por Deus,
porém não com entendimento. Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e
procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque
o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê. ” (Rm. 10. 2-4).
Ou
seja, por uma falta de entendimento de alguns israelitas que valorizavam mais a
letra da Lei e tradições humanas do que o Espírito da Graça em Cristo Jesus é
que “alguns ramos foram quebrados” (Rm. 11.19), esses ramos se refere a israelitas
que se afastaram de Deus. Onde está a predestinação determinista então?
O
apóstolo continua nos esclarecendo sobre a escolha de Deus para a salvação
quando diz: “Dirás, pois: Alguns ramos foram quebrados, para que eu fosse
enxertado. Bem! Pela sua incredulidade, foram quebrados; tu, porém, mediante a
fé, estás firme. Não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os
ramos naturais, também não te poupará. Considerai, pois, a bondade e a
severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a
bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado. Eles
também, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é
poderoso para os enxertar de novo. Pois, se foste cortado da que, por natureza,
era oliveira brava e, contra a natureza, enxertado em boa oliveira, quanto mais
não serão enxertados na sua própria oliveira aqueles que são ramos naturais! ”
(Rm. 11. 19-24).
Escolhas
É
evidente que não cabe nesse texto qualquer ideia de predestinação aleatória e
determinista. Sermos salvos, ou não, depende de nossas escolhas, de
permanecermos ou não em Sua bondade, ou seja, vivendo conforme a Sua vontade e
seguindo a Sua palavra.
Jesus
também usou a figura dos ramos para se referir à salvação quando disse: “Eu sou
a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim,
não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais
fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei
em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si
mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não
permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e
eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não
permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o
apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim, e as minhas
palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto
é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus
discípulos. ” (Jo. 15. 1-8).
Está, pois em nossa mão escolher a benção de crermos e seguirmos a Jesus, ou a maldição...
Muito
claro está, portanto, que estar com Cristo depende de uma atitude nossa, de uma
escolha nossa e não de uma escolha arbitrária de Deus a respeito de quem vai
salvar e de quem enviará para a perdição.
Quando
o apóstolo fala de vasos para honra e para desonra está se referindo à
soberania de Deus, a quem o homem não deve questionar o porquê de as coisas
serem de uma forma ou de outra, pois somos formados todos do mesmo barro, porém
uns seguirão o caminho da desonra e outros o da honra, não por escolha do
Senhor, mas por suas próprias escolhas, porém Deus suportará a presença
daqueles no mundo para dar a conhecer as riquezas de sua glória naqueles que
escolherem estar com Ele.
A
predestinação existe apenas baseada na presciência divina, ou seja, Deus,
escolhe de antemão quem vai salvar porque, de antemão já sabe quem seguirá o
Seu caminho, não porque Ele escolheu quem vai fazer isso e quem não o fará, nos
tornando fantoches de um Deus psicopata, afinal, Ele mesmo nos afirmou que não
quer que nenhum de nós se perca (1Tm. 2.4).
Está,
pois em nossa mão escolher a benção de crermos e seguirmos a Jesus, ou a
maldição (Dt. 30.19), escolhamos, pois, a benção, porque, sem dúvida, estar com
Cristo é incomparavelmente melhor. (Fp. 1.23).
Encerramos
aqui este rápido estudo que, para mim, foi muito gratificante e espero que
tenha sido também para os irmãos e irmãs. Desejo que o Espírito Santo fale mais
aos nossos corações.
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