Muitas
vezes ouvimos falar sobre certa espécie de merecimento que temos ou não diante
do Senhor. Alguns pensam que recebermos bênçãos de Deus está relacionado ao
fato de merecermos tais “agrados” do Altíssimo em virtude de nossas boas ações
ou de nossos esforços na seara do Senhor.
Tal
raciocínio, embora com roupagem diferente, é semelhante àquele que afirma ser a
salvação alcançada por meio de nossas obras e não pela Graça. Embora, muitas
vezes, aqueles que defendem a teoria do merecimento neguem às obras a condição
de critério para salvação, colocam a Graça do Senhor, Sua benevolência, amor e
misericórdia por nós submetidas à nossa dedicação ou desprezo ao Criador.
Evidentemente
qualquer raciocínio que coloque o Senhor submetido aos desejos ou à vontade de
sua criação não tem fundamento bíblico.
Nas
escrituras encontramos um alerta de Moisés ao povo de Israel para que não se
achassem merecedores das bênçãos que receberiam. Quando o seu povo estava para
atravessar o rio Jordão, para tomar posse das terras que o Senhor havia
prometido a Abraão, falou Moisés ao povo: “Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, os
tiver lançado de diante de ti, não digas no teu coração: Por causa da minha
justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir, porque, pela
maldade destas gerações, é que o SENHOR as lança de diante de ti. Não é por causa da tua justiça, nem
pela retitude do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela maldade
destas nações o SENHOR, teu Deus, as lança de diante de ti; e para confirmar a
palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. ”
(Dt. 9. 4-5).
Percebamos
que o povo de Israel estava recebendo a terra prometida porque era desígnio do
Senhor que assim acontecesse, pois Ele cumpriria Sua Palavra com Abraão, Isaque
e Jacó, assim como destruiria um povo a quem havia suportado por 400 anos em
sua iniquidade.
O
povo da Israel da época de Moisés era de dura cerviz (Dt. 9.6) e hoje ainda
continuamos sendo um povo de dura cerviz, inconstantes, em cujos corações
enganosos (Jr. 17.9) repousa a maldade desde a juventude (Gn. 8.21). Que tipo
de merecimento poderíamos ter diante do Senhor em quem não há treva alguma (1Jo.1.5) e que não convive com o mal (2Co. 6.14)?
O
Evangelista João afirma que não fomos nós que primeiramente amamos ao Senhor,
mas Ele, sim, nos amou primeiro (1Jo. 4.19) e o Senhor também questiona “Quem
me deu a mim para que eu retribua? (Jó 41.11).
O
dom da Salvação é gratuito e vem de Deus para que ninguém se glorie, nos avisou
o apóstolo Paulo (Ef. 2.8-9) da mesma forma ocorre com as bênçãos que só nos
são ofertas em virtude da infinita misericórdia do Senhor que perdoa os nossos
pecados se nos arrependemos deles.
Isso
não quer dizer que não temos valor algum diante dos olhos do Senhor. É fato que
somos pó e ao pó voltaremos (Gn. 3.19), no entanto recebemos o fôlego de vida
do próprio Criador (Gn. 2.7) e nos tornamos Sua menina dos olhos (Zc. 2.8),
quando decidimos atender aos anseios do Espírito (Gl. 5.16) e ouvimos a Sua voz
e abrimos a porta do nosso coração para que entre (Ap. 3.20).
Somos
valiosos diante de Deus, não por nossa justiça e bondade, pois bom só há um (Mc.10.18), mas porque fomos criados à Sua imagem e semelhança (Gn. 1.27) e Ele nos
amou e quer nos salvar a todos (1Tm. 2.4).
Acharmos
que o fato de recebermos bênçãos enquanto outras pessoas vivem em meio ao
sofrimento é uma indicação de que somos mais merecedores do amor de Deus do que
estas pessoas é um terrível engano que pode nos levar à queda, pois este
raciocínio se assemelha muito à parábola do Senhor onde um fariseu orava ao
Senhor se vangloriando enquanto um publicano apenas pedia perdão dos pecados e
se achava indigno, mas foi este o que foi justificado (Lc. 18.9-14).
Da
mesma forma, o fato de nossas obras não serem as responsáveis pelas bênçãos que
recebemos não significa que devemos abandonar as obras e assumirmos uma postura
de beatitude inerte. Ao contrário, Thiago nos alerta que a fé sem obras é morta
(Tg. 2.17) e o nosso Senhor nos afirmou que aquele que é Seu amigo segue as
Suas palavras (Jo. 15.14).
As
obras de amor e o viver segundo a vontade do Senhor deve vir do coração e ser
algo espontâneo, e não uma barganha em busca de bênçãos.
Portanto,
reconheçamos a nossa completa dependência do Senhor, pois bem sabemos que todos
nós pecamos e somos carentes da glória de Deus (Rm. 3.23) e sejamos gratos e
louvemos o seu Santo nome continuamente, não apenas de lábios, mas de coração
sincero (Mt. 15.8), porque mesmo sendo Deus, Ele nos amou e por nós entregou
seu filho unigênito (Jo. 3.16) para nos dar a vida, e vida em abundância (Jo.10.10).
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