Na PRIMEIRA PARTE deste estudo compreendemos o motivo principal do movimento de reforma da igreja iniciado por Lutero que resultou na Reforma Protestante. No post de hoje falaremos a respeito do cenário que vemos hoje em muitas igrejas evangélicas e sua relação com a indignação que causou em Lutero o desejo de reformas no século XVI.
Na Igreja Católica do século XVI
as indulgências, não obstante contrárias à pura pregação do Evangelho de
Cristo, ainda se utilizavam de um desejo do povo de se sentir bem diante de
Deus e ter seus pecados perdoados por Ele, ou seja, havia um pano de fundo,
ainda que manchado pelas distorções, espiritual, religioso.
O Comércio
Porém o que vemos hoje em muitas
igrejas ditas evangélicas no Brasil é o comércio puro e simples de bens
materiais em nome de Deus. O motivo não é mais uma pretensa purificação, o
arrependimento e o perdão dos pecados em troca da compra de cartas de
indulgências, mas o recebimento de bens materiais (carro, casa, casamento,
prosperidade, saúde, emprego...) em troca de dízimos e ofertas.
O comércio é tão descarado que se chega a vender pretensas “relíquias” da Terra Santa para que, segundo pregam alguns, se tenha acesso às bênçãos de Deus. E não poupam nem os mais humildes que por vezes entregam tudo o que tem para seu sustento em troca da promessa de ter seus desejos atendidos. Não contrariam a Tese 46? Se todas as igrejas ditas evangélicas possuem sua origem no movimento iniciado por Lutero, porque muitas sequer seguem as recomendações de suas teses, uma vez que resistem em seguir a Bíblia?
Quantas vezes talvez você mesmo
já tenha visto cultos onde se dá mais ênfase à coleta de dízimos e ofertas em
troca de bênçãos do que a pregação da Palavra de Deus. Tais pastores não
conhecem a Tese 54?
O fato é que para supostamente
apresentar fundamento bíblico as suas loucas pregações comerciais distorcem
textos sagrados, tirando-os do contexto maliciosamente, como por exemplo a
afirmação de Paulo aos filipenses que diz: “tudo posso naquele que me
fortalece.” (Fp. 4.13) que querem fazer entender que o apóstolo está afirmando
que quem está na igreja tem poder para fazer e possuir qualquer coisa, mas que
na verdade se trata de uma declaração de Paulo de que ele (e quem estiver unido
a Cristo) pode ter uma vida tranquila ou cheia de tribulações e ainda assim
estará contente em qualquer situação.
A barganha com o Criador também é
fundamentada, por tais pregadores das “indulgências 2.0”, na afirmação de Paulo
aos romanos que diz “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores,
por meio daquele que nos amou.” (Rm. 8.37), que na verdade é uma declaração
paulina de que ele (assim como todo aquele que está em Cristo) é capaz de
suportar as tribulações sem abandonar a fé.
A Traição
Em textos espirituais como esses
encontram motivos para vender, não indulgências que simulavam o arrependimento
do pecador, mas a descarada ganância de líderes e membros que parecem se reunir
em um mercado onde se trocam todo tipo de “benção” sem a necessidade de
trabalho, de quebrantamento, de contrição, de arrependimento. O que estão
fazendo tais pessoas senão traindo a Jesus em troca de moedas de prata como fez
Judas? (Mt. 26.15).
Aliás quando Cristo viu comércio
sendo realizado no pátio do templo expulsou os comerciantes dizendo: “Tirai
daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.” (Jo. 216b).
O que diriam Lutero e Calvino se
vissem em que se transformou o movimento que buscava tão somente a purificação
da Igreja? Proporiam uma nova reforma? Será que não necessitamos de fato de um
novo movimento que busque o retorno da essência do cristianismo nas igrejas
ditas evangélicas?
O que estão fazendo tais pessoas senão traindo a Jesus em troca de moedas de prata como fez Judas?
É importante que estejamos todos
nós, membros e líderes de igrejas, atentos ao alerta de Deus por meio do
Profeta Ezequiel que diz: “[...] Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de
Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis
a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as
ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não
ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas
dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver
pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo.” Ez. 34. 2-5).
Encerramos aqui este rápido
estudo que, para mim, foi muito gratificante e espero que tenha sido também
para os irmãos e irmãs. Desejo que o Espírito Santo fale mais aos nossos
corações.
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