EU NADA TENHO

A Bíblia relata que, certo dia, os apóstolos Pedro e João subiam ao templo para oração, e à porta do templo havia um homem coxo de nascença que pedia esmolas. O homem ao ver os dois apóstolos pediu que lhe dessem algo. Pedro fitou-o, pediu para que o homem olhasse para eles e disse: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!”. (At.3.6) A palavra de Deus relata em seguida que o homem se levantou e estava curado.

O que possuímos

Quão linda é essa passagem e quantos ensinamentos encerram. Hoje quero me ater na profunda verdade que Pedro revela em suas palavras: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou”.

Sabemos que os apóstolos Pedro e João, não eram pessoas ricas, muito pelo contrário, o apostolado de Jesus nunca foi abastado, portanto faz todo sentido Pedro dizer que não possuía nem prata nem ouro, no entanto, suas palavras revelam muito mais do que as condições financeiras dos primeiros discípulos de Jesus. Elas revelam a nossa condição humana, revelam que nada de material que possamos possuir hoje, é verdadeiramente nosso, pois o Senhor, e somente Ele, é dono de toda prata e de todo ouro (Ag. 2.8).

O fato é que, independentemente de quantos bens tivermos, não possuímos verdadeiramente nada.

Não somos mais que despenseiros (1Co. 4.1), mordomos, dos bens do Senhor que nos são dados para administrar enquanto estamos na terra, pois, ao Senhor pertence a terra e tudo que nela se contém (Sl. 24.1).

O apóstolo Paulo, da mesma forma, declara em At. 20.24 que não considera a vida preciosa para ele mesmo, mas sim testemunhar o evangelho da graça de Deus. Essa era a ideia de riqueza dos primeiros cristãos. A riqueza eterna da graça em Cristo Jesus. 

O fato é que, independentemente de quantos bens tivermos, não possuímos verdadeiramente nada. No entanto, Pedro também diz que possuía algo. Com a mesma certeza que diz não possuir prata nem ouro ele assevera: “mas o que tenho”. Pedro sabia que possuía algo de muito valor, de tão grande valor que poderia ofertar ao pedinte, e ele tinha a certeza que aquele homem ficaria mais do que satisfeito.

O tesouro de Pedro

Pedro tinha Cristo, Pedro possuía a verdadeira riqueza (Lc. 16.11). Porque as palavras do Senhor estavam nele (Jo. 15.7). Ele sabia ser possuidor de um tesouro eterno quem nem a traça nem a ferrugem poderiam destruir (Mt. 6.20) porque era dele, verdadeiramente dele, como nenhuma outra coisa poderia ser.

Esse tesouro era de Pedro justamente porque Ele podia dar, ofertar a quem desejasse ele. E foi o que Pedro fez, “mas o que tenho, isso te dou”. Pedro deu àquele homem o tesouro que ele precisava e queria.

O tesouro de ter Cristo em nosso coração, ao contrário de qualquer outra riqueza, não aumenta quando a estocamos e acumulamos, mas ele se multiplica quando o distribuímos, quando não guardamos a candeia debaixo do alqueire (Mt. 5.15), quando não enterramos nosso talento (Mt. 25.25), quando damos de comer a multidões ou simplesmente a uma única pessoa, ofertando-lhes o Pão da Vida (Jo.6.35).

Se dizemos possuir o verdadeiro tesouro em nosso coração e não o distribuímos com alegria, então não o possuímos de verdade, pois a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. (Mt. 7.19).

Naquele momento, Pedro e João ofereceram àquele homem muito mais do que prata e ouro e muito mais até do que a cura que se efetuou, eles ofereceram a vida em abundância (Jo. 10.10) em nome de Cristo Jesus. E a palavra de Deus relata que aquele homem, antes humilhado e sofredor, entrou no templo pulando e louvando a Deus (At. 3.8).