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COMO DEVEMOS ORAR?

É comum encontrarmos no meio cristão pessoas com dúvidas a respeito de como devemos orar. Algumas pessoas buscam na oração dominical, ensinada por Jesus, (Lc. 11.2-4) (Mt. 6.9-13), uma “receita pronta” e creem que a repetição daquele texto por uma determinada quantidade de vezes se constitui na oração ideal.
Já outras pessoas apresentam, também, orações diversas, que da mesma forma repetitiva, serviriam de uma espécie de complemento da oração dominical em situações específicas.
Para muitos, a preocupação reside no tempo que devemos orar, algumas marcam determinada quantidade de minutos ou até mesmo horas para ficar em oração.
Outras ainda cuidam da posição em que devemos estar no momento da oração: em pé, de joelhos, sentados....
A mim parece-me muito esclarecedor um texto que encontramos no livro de Neemias,capítulo 2, versículos 1 a 4.

A oração de Neemias

O texto relata que no mês de Nisã (mês do calendário hebreu) no vigésimo ano do rei Artaxerxes, Neemias, que era copeiro do rei (Ne. 1.11), estava servindo o vinho ao monarca quando este percebeu seu semblante triste e perguntou: “Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração.” (Ne. 2.2). Neemias responde ao rei que sua tristeza se deve ao fato de Jerusalém, a cidade de seus pais, estar destruída. O rei, então, pergunta: “Que me pedes?” (Ne. 2.4).
Mt. 6.6
Nesse ponto do relato devemos prestar atenção em como aquele copeiro do rei ora a Deus. Neemias, que havia ficado temeroso quando o rei percebeu sua tristeza (Ne. 2.2), ora a Deus ali, rapidamente, no curto espaço de tempo entre a pergunta do rei e a sua resposta. O texto relata: “Disse-me o rei: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus e disse ao rei: se é do agrado do rei, e se o teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me envies a Judá, a cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique”. (Ne. 2.4-5).
Notemos que Neemias não se recolheu aos seus aposentos para orar, não se colocou em alguma posição especial para realizar sua oração e muito menos teve tempo para realizar uma oração extensa ou repetir fórmulas demoradas.
Conforme relata o texto, Neemias fez uma oração no espaço de alguns minutos, talvez segundos, antes de responder à indagação do rei Artaxerxes.
Será que uma oração assim tão rápida, realizada sem nenhuma cerimônia especial, ali no meio de atividades seculares, afinal Neemias estava trabalhando naquela hora, seria ouvida por Deus? E ainda mais, será que seria atendida?

O que importa na oração

É importante sabermos que ser copeiro do rei era uma função de grande importância, pois, dentre outras coisas, era ele que experimentava tudo o que era servido ao rei antes de o monarca comer, para que o rei não fosse envenenado por algum inimigo dentro do reino, portanto, o copeiro do rei era uma pessoa que gozava de integral confiança do monarca.
Apesar de sua imprescindível presença constante perante o rei, da importância de sua função para a manutenção do reinado e do pedido inusitado de reconstruir uma cidade que já havia sido acusada de se rebelar contra os reis que a dominavam (Ed.4), Deus ouviu a oração de Neemias e atendeu o seu clamor (Ne. 2.8). O rei Artarxerxes, não apenas permitiu que Neemias se ausentasse do seu posto por determinado período, como também enviou cartas aos governadores locais e a seus servos para que o ajudassem em tudo o que fosse necessário.

...não cuidemos da forma, tempo ou palavras que devemos dizer em uma oração, mas, da sinceridade e pureza do nosso coração...

A oração veloz de Neemias, talvez a mais rápida da Bíblia, foi ouvida pelo Senhor porque o que importa não é com que fórmula oramos, mas para quem oramos e com que sinceridade o fazemos.
Jesus advertiu sobre a humildade e a sinceridade de coração na oração ao contar a parábola do fariseu e do publicano (Lc. 18. 9-14), alertou também que não é para impressionar os homens que devemos orar, mas para falar com Deus e que não são as repetições que garantem a eficácia da oração (Mt. 6.5-8).
Portanto, irmãos, não cuidemos da forma, tempo ou palavras que devemos dizer em uma oração, mas, da sinceridade e pureza do nosso coração ao falarmos com Deus, afinal de nada adianta repetir os preceitos do Senhor e ter nos lábios a Sua aliança, se aborrecemos à disciplina e rejeitamos Suas palavras (Sl. 50.16-17).

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