Difícil
encontrar algum cristão que já não se tenha perguntado alguma vez sobre o
motivo do sucesso de algumas pessoas reconhecidamente más. Tal questionamento
torna-se mais vívido quando observamos que muitos irmãos que primam pelo
caminho correto, pelo temor ao Senhor e pelo amor ao próximo passam a vida
inteira em meio a lutas.
Quem
de nós não já se perguntou por que encontramos, muitas vezes, pessoas
completamente afastadas de Deus, que percorrem as veredas da desonestidade, da
violência, da promiscuidade e de toda forma de mal e, ainda assim,
aparentemente, tudo em que põem a mão prospera, e passam uma vida inteira em
meio a regalias, conforto e alegria?
Até
mesmo na Bíblia encontramos esse tipo de questionamento, nas palavras de alguns
dos homens tementes a Deus.
A queixa do profeta
O
profeta Jeremias queixa-se com o Senhor quando diz: “Por que prospera o caminho
dos perversos, e vivem em paz todos os que procedem perfidamente? Plantaste-os,
e eles deitaram raízes; crescem, dão fruto; têm-te nos lábios, mas longe do
coração.” (Jr. 12. 1-2), e, claramente inconformado, compara o procedimento
daqueles a quem chama de perversos, com o seu próprio “Mas tu, ó SENHOR, me
conheces, tu me vês e provas o que sente o meu coração para contigo.”. (Jr.12.3).
O
salmista Asafe chega a confessar que quase desviou os seus passos do bom
caminho porque invejava a prosperidade que tinham os perversos (Sl. 73. 2-3), pois,
segundo o salmista, “Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e
nédio. Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os
outros homens”. (Sl. 73. 4-5), e, embora, repletos de soberba, violência,
fantasia, malicia e blasfêmias (Sl. 73. 6-11), estão sempre tranquilos e aumentam suas riquezas. (Sl.73.12).
...a verdadeira paz não é algo externo, não vem de fora para dentro, mas é algo interno que vai de dentro para fora, por isso não a obtemos com atos, títulos, ou bens, pois a paz é um estado de espírito
De
fato, essas observações são verdadeiras e de difícil compreensão, o próprio
salmista confessa que “Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada
tarefa para mim”. (Sl. 73.16).
Porém,
compreender esse paradoxo, torna-se difícil para nós porque o enxergamos com os
olhos da carne. Nós somos capazes de ver, apenas, o exterior, mas Deus vê o
coração (1Sm. 16.7).
Devemos
compreender que, ao contrário do que normalmente pensamos, a vida, não é apenas
os 80 ou 100 anos que vivemos aqui, na verdade, esse período passa muito
rapidamente (Sl. 90.10), a verdadeira vida é a vida eterna, também por isso,
Jesus afirmou que o Seu reino não é desse mundo (Jo. 18.36), e, uma vez que, o
reino de Deus não pertence ao mundo material e sim ao espiritual, lembremos que
as coisas espirituais se discernem espiritualmente (1Co. 2.14).
Devemos
lembrar também de que Deus disponibiliza bênçãos para justos e injustos (Mt.5.45), na esperança de que os injustos se arrependam e deixem sua injustiça e
de que os justos permaneçam em sua justiça (Ez. 33. 11-16).
A
dificuldade reside em nossa interpretação equivocada de paz, felicidade e
prosperidade. Em um texto anterior, intitulado “A Paz do Senhor”, explico que a
verdadeira paz não é algo externo, não vem de fora para dentro, mas é algo
interno que vai de dentro para fora, por isso não a obtemos com atos, títulos,
ou bens, pois a paz é um estado de espírito. Da mesma forma se dá com a
felicidade e a prosperidade.
Analisando o paradoxo
Se
analisarmos dessa forma os casos aparentemente paradoxais da prosperidade na
injustiça, perceberemos que a essência da análise deve recair sobre a vida que
levam tais pessoas e não sobre os bens que possuem. E me refiro a vida real, a
que vivem quando estão sós consigo mesmos, não a que procuram demonstrar nos
eventos sociais.
Percebamos
que a busca desenfreada por bens, títulos, prazeres, poder e diversão, tem uma
única finalidade: o se sentir bem. E o que é estar bem se não estar em paz?
Porém,
como buscam essa paz no que é aparente e não na essência, que é Cristo Jesus,
podem até parecer prósperos e felizes para quem vê de fora, mas na verdade não
o são. Os inúmeros casos de suicídio e dependência química entre tais pessoas
provam isso.
Para
além do fato de que todos os perversos receberão, no dia do juízo, a sua
sentença, pois bem sabemos que o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23),
percebemos que mesmo ainda em vida eles permanecem em continuo tormento, não
importa a prosperidade e a felicidade que aparentem.
Tal
tormento se dá porque naquilo mesmo que buscam prazer é que sentem dor, pois “o
seu ouro lhes será como sujeira; nem a sua prata, nem o seu ouro os poderá
livrar no dia da indignação do SENHOR; eles não saciarão a sua fome, nem lhes
encherão o estômago, porque isto lhes foi o tropeço para cair em iniquidade. De tais preciosas joias fizeram seu
objeto de soberba”. (Ez. 7.19-20) e bem sabemos que onde está nosso tesouro ali
estará nosso coração (Mt. 6.21).
Dessa
forma, a ansiosa e insaciável busca pelo prazer, pelo poder e pela prosperidade
e, em seguida, por sua manutenção, acaba por se tornar a sua própria cela de
tortura.
A compreensão de Asafe
O
salmista Asafe compreendeu isso quando entrou no santuário de Deus (Sl. 73.17),
pois percebeu que os caminhos dos perversos “os pões em lugares escorregadios e
os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados, totalmente
aniquilados de terror! ”. (Sl. 73.18-19).
E
quando percebeu tal verdade, o salmista se reconheceu embrutecido, ignorante e
irracional à presença do Senhor, pois O havia questionado sobre o porquê de os
perversos prosperarem enquanto ele continuamente era afligido e castigado (Sl.73.14), chegando até mesmo a considerar inútil o ter conservado puro o coração
e lavado as mãos na inocência (Sl. 73.13).
Asafe
se curvou à sabedoria infinita de Deus e reconheceu: “Todavia, estou sempre
contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e
depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu
me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus
é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre. ” (Sl. 73. 23-26).
E,
por fim, declarou: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus
ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos. ”. (Sl. 73.28).
Gostou
desta postagem? Comente, compartilhe, recomende. Utilize os botões abaixo para
postar esse texto em sua rede social, colocar em seu blog ou enviar por e-mail
para seus amigos. Ajude a divulgar a Palavra de Deus.
Comentários
Postar um comentário