Quando
João Batista pregava no deserto ele dizia: “Arrependei-vos, porque está próximo
o reino dos céus. ” (Mt. 3.2). Nesse tempo iam até ele “Jerusalém, toda a
Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão” (Mt. 3.5). As pessoas eram, então,
batizadas por João no rio Jordão, confessando os seus pecados. (Mt.3.6).
O
Versículo 7 relata que dentre as pessoas que procuravam João Batista estavam
também fariseus e saduceus (Mt. 3.7), mas quem eram essas pessoas?
A religião judaica
O
judaísmo da época de Jesus, assim como o atual, ao contrário do que possam
pensar alguns, não era um grupo religioso e filosófico homogêneo. Dentro do
judaísmo existiam grupos diversos, que eram conhecidos como seitas judaicas e,
dentre eles estavam os fariseus e os saduceus. O Novo Testamento está repleto
de relatos que citam tais grupos, por exemplo:
“Insurgiram-se,
entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É
necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés. ”
(At. 15.5).
“Levantando-se,
porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita
dos saduceus, tomaram-se de inveja” (At. 5.17).
Os
membros desses grupos estudavam profundamente a Lei, os escritos sagrados, mas
divergiam em algumas interpretações como nos esclarece o texto do livro de Atos
dos Apóstolos ao dizer: “Pois os saduceus declaram não haver ressurreição,
nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas coisas. ”
(At. 23.8).
Porém,
ambos os grupos não aceitariam Jesus como o Messias anunciado, mas o acusariam
de ser um blasfemador.
Ocorre
que tais grupos se fixaram tanto na letra da Lei que se distanciaram de sua
essência, se apegando mais a rituais exteriores e a aparência de santo do que a
própria santidade, dessa forma agiam com hipocrisia.
Pois
bem, João Batista, ao perceber que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo
exclamou: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt. 3. 7-8). Quero me ater, nessa
reflexão, no versículo 8, onde João diz: “Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento”.
Ora,
o próprio João Batista, mais adiante, afirma que ele batiza com água para
arrependimento (Mt. 3.11), então, o que vem a ser esses furtos dignos de
arrependimento? O arrependimento deve produzir algo? Arrependimento não é um
sentimento? Não é apenas o reconhecer o erro e não desejar cometê-lo outra vez?
Não bastaria fariseus e saduceus serem mergulhados por João Batista nas águas
do Jordão e confessarem seus pecados?
O arrependimento frutífero
Assim
como a fé, que Tiago afirma que sem obras é morta (Tg. 2.17) o arrependimento
que não produz uma transformação interior é, no máximo, culpa. O verdadeiro
arrependimento não é apenas reconhecer o erro e não desejar cometê-lo outra
vez, mas é um catalisador de mudanças de posturas, pensamentos e atitudes que
faz com que aquele que se arrependeu, por meio de uma transformação do seu
mundo interior, desenvolva um ambiente interno que dificulte uma nova queda e
atue no mundo exterior transformando-o.
Aqueles
saduceus e fariseus estavam ali apenas para cumprir mais um ritual, como tantos
outros que eles já praticavam, não estavam imbuídos do verdadeiro
arrependimento, portanto aquele batismo não significaria nada nem para eles,
nem para João e muito menos para Deus. Era preciso que antes do batismo
houvesse neles a produção dos frutos dignos de arrependimento, do espírito
quebrantado e do coração compungido e contrito (Sl. 51.17), da verdadeira
transformação interior.
Ainda
hoje é desta forma, o batismo sem arrependimento, que não é acompanhado de uma
transformação interior que nos faz verdadeiramente novas criaturas (2Co. 5.17),
é apenas um banho. Conversão sem transformação é presunção.
...devemos também termos cuidado com doutrinas que pregam que nossa conversão e nossa fé não necessitam produzir frutos...
Alguém
poderia questionar afirmando que a necessidade de produção de frutos só existiu
até Jesus, afinal estamos no tempo da graça e o próprio João Batista afirmou
que ele batizava com água para arrependimento, mas Jesus batizaria com o
Espírito Santo e com fogo, portanto, um batismo diferente do de João.
No
entanto, se observarmos o relato do capítulo 4 do mesmo Evangelho de Mateus,
perceberemos que o evangelista afirma que “Daí por diante, passou Jesus a
pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. ” (Mt.4.17). A necessidade do arrependimento não foi abolida em virtude de Jesus, bem
como também não foi abolida a necessidade da produção dos frutos, pois no
Sermão do Monte o Mestre afirma: “Assim, toda árvore boa produz bons frutos,
porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos
maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom
fruto é cortada e lançada ao fogo. ” (Mt. 7.17-19).
Portanto,
da mesma forma que o Senhor nos recomendou acautelarmo-nos do fermento dos
fariseus e dos saduceus (Mt. 16.6), devemos também termos cuidado com doutrinas
que pregam que nossa conversão e nossa fé não necessitam produzir frutos e que
uma vez “escolhidos por Deus” devemos simplesmente esperar passivamente o fim
da vida terrena para recebermos a nossa salvação. Lembremo-nos de que o
apóstolo Paulo nos adverte que cada um receberá conforme as suas obras (Rm. 2.6).
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