Encontramos
no texto sagrado alguns relatos que, se tomados isoladamente, podem parecer, ao
leitor menos atento, contradições bíblicas. Outros, ainda, parecem indicar uma
mudança da postura ou da personalidade de Deus.
Alguns
chegam a afirmar que o deus do Antigo Testamento é um e o do Novo Testamento é
outro, ou que, no mínimo, é um mesmo Deus, mas que sofreu mudanças em Sua
divina personalidade.
O Templo do Senhor
Dois
relatos da bíblia que, se comparados sem considerar a essência e o contexto de
ambos, podem sugerir uma mudança ao menos de opinião do Altíssimo, encontramos
nos livros dos profetas Samuel e Ageu. Ambos falam da necessidade, ou não, de o
povo de Israel construir um templo ao Senhor.
O
primeiro texto encontramos no Segundo Livro de Samuel, capítulo 7. O texto
relata que o Rei Davi, habitando em sua casa e tendo obtido de Deus descanso de
todos os seus inimigos, sentiu no coração a vontade de construir uma casa para
o Senhor. (2Sm. 7.1-2). Porém, por meio do profeta Natã, Deus falou com Davi a
respeito desse seu desejo, dizendo: “Edificar-me-ás tu casa para minha
habitação? Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os
filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas tenho andado em tenda, em
tabernáculo. Em todo lugar em que andei com todos os filhos de Israel, falei,
acaso, alguma palavra com qualquer das suas tribos, a quem mandei apascentar o
meu povo de Israel, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedro? ”
(2Sm. 7. 5-7).
Nesse
relato parece ficar evidente que o Senhor não tinha por importante a construção
de uma casa, um templo, para Ele, ao menos não naquele momento, de qualquer
forma, Deus demonstrava que a construção de uma Casa do Senhor não era algo tão
relevante.
No
entanto, ao lermos o texto do profeta Ageu, no capítulo 1 encontramos o relato
de que o povo de Israel dizia naquela época “Não veio ainda o tempo, o tempo em
que a Casa do SENHOR deve ser edificada. ” (Ag. 1.2), porém Deus fala ao povo,
por meio do profeta, dizendo: “Acaso, é tempo de habitardes vós em casas
apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? ” (Ag. 1.4). Mais adiante
o Senhor ainda determina: “Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa;
dela me agradarei e serei glorificado, diz o SENHOR. ” (Ag. 1.8) e afirma: “Esperastes
o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quando o trouxestes para
casa, eu com um assopro o dissipei. Por quê? – diz o SENHOR dos Exércitos; por
causa da minha casa, que permanece em ruínas, ao passo que cada um de vós corre
por causa de sua própria casa. Por isso, os céus sobre vós retêm o seu orvalho,
e a terra, os seus frutos. ” (Ag. 1.9-10).
À
primeira vista, parece clara uma mudança de postura de Deus em ralação à
necessidade de o povo de Israel construir uma casa para o Senhor. Porém, como
entendermos isso se sabemos que Deus não muda (Ml. 3.6)? Para compreendermos
esses textos, precisamos situá-los em seus contextos.
Mudança de postura
No
relato de Samuel encontramos Davi, o segundo rei sobre o povo de Israel,
entendendo ser incorreto e injusto, ele morar em casa de cedros, enquanto a
arca do seu Deus, que o abençoara tanto, se achar em uma tenda (2Sm. 7.2).
Percebamos
que desde Moisés até Davi a Arca da Aliança sempre esteve em uma tenda, que, na
época da peregrinação no deserto, era movida quando o povo se movia. Davi,
então deseja fazer algo melhor para Deus, algo digno do Senhor, uma bela casa
de cedros.
No
relato do profeta Ageu, a situação é bem diferente: o povo de Israel voltara do
exílio babilônico, o templo, a Casa do Senhor, que fora construído pelo Rei
Salomão, filho do Rei Davi, havia sido destruído pelos conquistadores
babilônicos, no entanto os israelitas, muitos já contaminados pela cultura e
crença babilônica, mesmo tendo voltado a sua terra natal após a queda do
império babilônico, passou a colocar seus próprios interesses, a construção de
suas casas, por exemplo, à frente do Seu Deus.
E quando a nós? Que postura estamos tomando diante de Deus?
Nesse
contexto, então, Deus repreende o povo por tê-Lo esquecido e determina a
reconstrução de Sua Casa para que voltem a glorifica-lo.
A
diferença, percebemos, está então na postura, não de Deus, mas do povo de
Israel. No primeiro relato Davi deseja glorificar mais a Deus construindo para
Ele um templo. No segundo, o povo protelava a reconstrução do templo porque,
agora, cuidavam prioritariamente de seus interesses e se afastavam do Senhor.
Deus,
de fato, não mudou. O próprio Rei Davi revelou a seu filho Salomão porque o
Senhor não o havia permitido contruir-Lhe um templo quando disse: “veio a
palavra do SENHOR, dizendo: Tu derramaste sangue em abundância e fizeste
grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome, porquanto muito sangue tens
derramado na terra, na minha presença. ” (1Cr. 22), mas ele também sabia o
quanto Deus havia se alegrado com a fidelidade de Davi para com Ele (2Sm.7.8-16).
E
quando a nós? Que postura estamos tomando diante de Deus? Não precisamos, hoje,
construirmos templos grandiosos em favor do Senhor, mas necessitamos ofertar a
Ele nosso corpo, o templo do Espírito Santo (1Co. 6.19), a nossa mente e a
nossa vida a cada dia, nos afastando de toda forma de mal (1Ts. 5.22) e O
buscando de todo o coração (Jr. 29.13), dessa forma o Senhor se alegrará
conosco.
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Amém! A Ele toda honra e toda glória!
ResponderExcluirAmém irmã. Fique na Paz do Senhor.
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