Na PRIMEIRA PARTE do nosso estudo entendemos a referência que o apóstolo Tiago faz a respeito da imagem em um espelho e o ouvir a Palavra sem praticá-la. Neste post abordaremos a grave diferença na adoração daquele que apenas ouve a Palavra sem praticá-la.
Tiago revela algo surpreendente
quando percebemos que no texto aquele que é ouvinte da Palavra de Deus, mas não
a pratica contempla a si mesmo. Veja, aqui há um paralelo entre contemplar a si
mesmo no versículo 24 e considerar atentamente na lei perfeita, lei da
liberdade no versículo 25.
A Idolatria
De fato, aquele que mesmo crendo
apenas ouve a Palavra de Deus sem perceber a necessidade de colocá-la em
prática na verdade não está adorando o Deus verdadeiro, mas criando uma imagem
de Deus para adorá-la. Tal imagem não condiz com a grandiosidade do Senhor e
essa prática se constitui em idolatria.
Quando entramos em uma igreja, ainda que ela não pregue a adoração de imagens como faziam as antigas religiões pagãs, desejando adaptar o Deus da bíblia ao que entendemos que deve ser tal Deus, na verdade não estamos buscando a Deus, mas buscando um deus. Criamos uma imagem mental a respeito do Senhor sem nos preocuparmos se de fato Ele é da forma que imaginamos e passamos a adorá-lo. Quando fazemos tal coisa estamos também praticando a idolatria condenada por Deus (Ex. 20. 3-5).
Quando ouvimos a Palavra de Deus
e buscamos nela apenas mensagens que nos exalte, que nos console, que nos faça
promessa de bênçãos e sobretudo quando entendemos ela como um relacionamento
exclusivo, sem considerar a coletividade, de forma egoística, como se Deus se
relacionasse apenas conosco, estamos cultuando um deus pessoal no sentido dos
cultos dos lares dos povos pagãos e não o Senhor. Criamos um deus para chamar
de nosso e passamos a cultua-lo sem nos importarmos com as outras pessoas,
vivendo em um constante diálogo infrutífero com o ídolo que nós mesmos criamos
e colocamos no lugar de Deus. Por isso Tiago diz que quando fazemos isso
estamos nos enganando a nós mesmos (v. 22).
Espírito e Verdade
Porém, conforme o apóstolo, ao
considerarmos a lei de Deus atentamente e nela perseveramos (v. 25) estamos
olhando para além do nosso Eu, buscando ouvir o que o verdadeiro Deus diz e não
as palavras de um deus que nós criamos e consequentemente, ainda que seja
impossível conhecer Deus plenamente, estaremos O cultuando em espírito e em
verdade (Jo. 4.24), pois seremos, muito mais que ouvintes, “operosos
praticantes”.
...não faz sentido imaginarmos que àquele que se diz seu seguidor basta ouvir suas palavras para estar fazendo Sua divina vontade...
Os ensinamentos do Senhor nos
instigam a ação e não a inatividade e se Deus disse que não é bom que o homem
estivesse só (Gn. 2.18) é evidente que essa ação deve ser realizada em
sociedade, na nossa comunidade. Deus nos criou para nos relacionarmos uns com
os outros e nos beneficiarmos uns aos outros, o Reino de Deus que enquanto
cristãos temos a responsabilidade de ajudarmos a apresentar não é constituído
apenas de mim e Deus, mas de nós (todos nós) e Deus. Ouvir a Palavra sem
vive-la no dia a dia é enterrar o tesouro, é colocar a lâmpada no alqueire (Mt.
5.15) é ser um servo mau (Lc. 19. 22).
Portanto devemos entender que o
Senhor é um Deus dinâmico, não estático, é aquele que ainda hoje trabalha (Jo.
5.17). O Verbo, que é utilizado por João para se referir a Jesus (Jo. 1.1), é
uma classe gramatical que indica ação, portanto não faz sentido imaginarmos que
àquele que se diz seu seguidor basta ouvir suas palavras para estar fazendo Sua
divina vontade. Porém àquele que não se contenta em ser um ouvinte negligente,
mas a exemplo dos servos que colocaram as dracmas de seu senhor para produzirem
frutos (Lc. 19. 11-19), coloca em prática os ensinamentos de Deus em seu viver
diário, o apóstolo assegura que esse será abençoado em tudo o que realizar em
Cristo.
Encerramos aqui este rápido
estudo que, para mim, foi muito gratificante e espero que tenha sido também
para os irmãos e irmãs. Desejo que o Espírito Santo fale mais aos nossos
corações.
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Deus.
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