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A REVELAÇÃO - PARTE 2

Na PRIMEIRA PARTE deste estudo entendemos o que significa revelação divina e percebemos que Deus não se revelou apenas ao povo hebreu. Neste post abordaremos o fato da revelação de Deus antes do surgimento do povo hebreu e também ao povo grego.

Em primeiro lugar é importante lembrar que o cristianismo é uma fé cujas raízes estão no judaísmo, não obstante não seja um prolongamento deste. Jesus era judeu, Paulo se declara fariseu antes da conversão (At. 23.6). Não há dificuldades em entender que o judaísmo e o cristianismo são religiões que possuem afinidades.

A dificuldade surge quando olhamos para os demais troncos religiosos. O que pensar do hinduísmo, do taoismo, do islamismo, por exemplo? A dificuldade se avoluma quando lembramos da afirmação do próprio Jesus que diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo. 14.6). Ora, é fácil pensarmos que apenas os cristãos serão salvos. Mas, será que é isso mesmo que diz a Bíblia?

A Revelação no Tempo

É evidente que as Sagradas Escrituras são a Palavra de Deus e que Cristo é o Filho de Deus vivo (Mt. 16.16), porém o que pensamos ter ocorrido com Noé, por exemplo, se ele viveu e morreu muito antes de as primeiras palavras bíblicas terem sido escritas e milênios antes de Jesus nascer? E todos os que morreram entre Noé e Moisés a quem é atribuído o pentateuco?

Jo. 1.1-3

Essa questão aparentemente difícil se resolve quando lembramos que Jesus é Deus, Ele é o verbo do qual fala o evangelista João (Jo. 1.1) e como tal, estava na criação de todas as coisas. Ele é desde a eternidade. É uma das pessoas da Trindade, portanto quando Deus se revelava ao povo da antiguidade hebraica Jesus estava presente, ainda que os hebreus não tivessem conhecimento disso. Jesus é o Verbo, portanto a ação de Deus, por isso o evangelista diz que sem Ele nada do que foi feito se fez (Jo. 1.3).

Sendo assim, ao orar a Deus ou ao se arrepender de seus pecados o antigo hebreu o fazia diante do Deus trino (Pai, Filho e Espírito Santo), mesmo sem o conhecimento desta realidade.

Ora, se Jesus já se revelava, ainda que aos poucos, aos descendentes de Abraão, e mesmo antes dos patriarcas, como podemos imaginar que Ele não o faria às demais nações?

A Filosofia

Para entendermos a revelação de Deus fora do povo hebreu partiremos da filosofia grega onde encontramos Sócrates e Platão se referindo a o Deus, como também ao Demiurgo (o artesão) o criador de todas as coisas. Vemos Aristóteles se referindo a alguma alma divina como o motor imóvel. O pensamento filosófico de Platão e Aristóteles possuem tantos pontos em comum com a crença cristã que Agostinho e Tomás de Aquino utilizaram-se deles em suas reflexões teológicas. É importante salientar que a filosofia da antiguidade grega era também uma teologia.

...o Senhor se utilizou do intelecto dos antigos pensadores para semear no mundo grego ideias germinais a respeito de um Deus soberano...

Justino o Mártir, um dos chamados pais da Igreja, chega a afirmar em sua Apologia I que aqueles que viveram conforme o Verbo são cristãos mesmo sendo considerados ateus como ocorreu entre os gregos com Sócrates, Heráclito e outros.

É evidente portanto que, conquanto não tenha realizado uma revelação patente nos moldes dos profetas do Antigo Testamento nem completa como em Jesus, o Senhor se utilizou do intelecto dos antigos pensadores para semear no mundo grego ideias germinais a respeito de um Deus soberano, ainda que o excesso de valor atribuído ao próprio intelecto tenha feito aquelas populações se desviarem do caminho.

Porém a pergunta permanece: o que pensar das demais religiões de raízes não judaicas? O que pensar das religiões orientais, por exemplo? São obras de demônios? Pura fantasia? Como nós cristãos devemos enxerga-las? A esse respeito abordaremos na TERCEIRA PARTE de nosso estudo a ser publicada na próxima postagem do blog Preceitos de Fé. Então até lá.

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