PASTORES INFIÉIS

É com pesar que tenho visto ultimamente uma grande quantidade de templos suntuosos que arrotam soberba e que pouco lembram a pregação do Senhor Jesus a respeito da humildade.

Existem nos dias atuais quase tantas denominações cristãs quantas são as ideias individuais a respeito de Deus, e dentre essa extrema diversidade de congregações há até aquelas que são frontalmente contrárias aos estatutos do Senhor pregando uma palavra distorcida a fim de justificar abominações.

Porém, ainda naquelas que anunciam a Palavra do Senhor, tenho observado uma corrida quase frenética por construção de templos, multiplicação de membros e acúmulo de bens. Parece-me que algumas lideranças religiosas ainda não perceberam que o mandamento “buscai primeiro o reino de Deus e a Sua Justiça” (Mt. 6.33), anunciado por Jesus, também se aplica às congregações.

A riqueza das igrejas

Deus não é contra a prosperidade de sua igreja, no entanto, sempre nos admoestou a não transformamos o poder e as riquezas em deuses a serem colocados à Sua frente.

Infelizmente a importância de uma igreja atualmente é medida pela quantidade de membros que possui, pela suntuosidade de seus templos e pela soma em dízimos e ofertas que levantam, e não pelo poder da Palavra que pregam.

Nestas igrejas o que vemos são pastores transbordantes de vaidade, diáconos que, sustentando a soberba dos seus líderes, se alimentam das migalhas destes, e membros perdidos que, quando não se desencantam com o Deus que lhes é apresentado, permanecem inertes em suas vidas espirituais e se tornam mornos na fé, prontos para serem vomitados da boca de Deus (Ap. 3.16).

Sobre esse comportamento pastoral, o Senhor se refere quando diz ao profeta Ezequiel: “Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo. ” (Ez. 34.2-5)

Perceba a seriedade do alerta dado por Deus nos tempos dos profetas, mas que ainda hoje é muito válido: os pastores devem pastorear as suas ovelhas e não a si mesmos.

Porém, como um pastor pode pastorear suas ovelhas se sua maior preocupação for multiplicar o seu rebanho? Como o pastor de uma igreja composta por milhares de membros pode fortalecer aquele que se encontrar fraco, curar o que estiver doente, ligar o que estiver quebrado, buscar o que estiver perdido? A verdade é que tal pastor nem mesmo conhece as ovelhas que possui.

A busca de poder

Para mascarar a falta de proximidade com o próprio rebanho, esses líderes religiosos recorrem a artifícios semelhantes aos aplicados em marketing multinível ou passam a “consagrar” grande quantidade de pastores auxiliares, muitas vezes escolhidos unicamente por critérios de simpatia e sem qualquer preparação prévia.

Normalmente, esses pastores de si mesmos estão sempre rodeados de falsos admiradores, sejam membros, diáconos ou obreiros da congregação, que mantêm com eles uma simbiose maldita e o impedem de conhecer o cotidiano de seu rebanho.

Pastores, diáconos, obreiros, membros, atentemos para o alerta do Senhor e passemos encarar o Reino de Deus com o respeito e a seriedade que ele merece...

Sobre tais admiradores, que parecem viver em uma constante busca de poder dentro da congregação, que estão dispostos a tudo para evitar que outros possam ameaçar sua posição hierárquica na igreja e que abusam da lisonja de lábios (Is. 29.13), também se referiu o Senhor quando falou ao profeta Ezequiel dizendo:  “Quanto a vós outras, ó ovelhas minhas, assim diz o SENHOR Deus: Eis que julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes. Acaso, não vos basta a boa pastagem? Haveis de pisar aos pés o resto do vosso pasto? E não vos basta o terdes bebido as águas claras? Haveis de turvar o resto com os pés? Quanto às minhas ovelhas, elas pastam o que haveis pisado com os pés e bebem o que haveis turvado com os pés. Por isso, assim lhes diz o SENHOR Deus: Eis que eu mesmo julgarei entre ovelhas gordas e ovelhas magras. Visto que, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com os chifres, impelis as fracas até as espalhardes fora” (Ez. 34. 17-21).

Porém, o Senhor jamais abandona as suas ovelhas e por isso faz um alerta: “Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar” (Ez. 34.15) “A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com justiça. ” (Ez. 34.16)

Pastores, diáconos, obreiros, membros, atentemos para o alerta do Senhor e passemos encarar o Reino de Deus com o respeito e a seriedade que ele merece, percebamos que ao Senhor devemos adorar em espírito e em verdade (Jo. 4.24) e lembremo-nos de que de Deus não se zomba (Gl. 6.7), pois do contrário corremos o risco de, naquele dia, sermos um dos que dirão “Senhor! Senhor” e terão como resposta de Jesus: “Não vos conheço, afastai-vos de mim vós que praticais iniquidade” (Mt.7.21-23).

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