Na PRIMEIRA PARTE deste estudo verificamos que a parábola do credor incompassivo contada por Jesus revela diversas verdades a respeito da nossa relação com Deus e que tais verdades são reveladas em partes que chamamos de Chaves de Compreensão. Neste post abordarei as duas últimas chaves e passarei a esclarecer a relação que existe entre cada uma delas e a nossa vida diante de Deus.
Veremos a seguir as Chaves de
Compreensão 4 e 5:
CHAVE 4 - Seus companheiros então
se entristeceram e relataram ao rei tudo o que havia se passado (v.31).
CHAVE 5 - O rei chamou o servo e
repreendendo-o disse: “Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me
suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como
também eu me compadeci de ti?” (vs. 32-33).
Passemos então agora a esclarecer
o significado profundo de cada Chave encontrada no texto da parábola de Jesus:
O Devedor
Na CHAVE 1 encontramos uma
diferença exorbitante entre as duas dívidas (a do servo para o rei e a do
conservo para o servo). Essa elevada diferença entre os dois montantes de
débitos não surge no texto de forma aleatória, mas, tendo em vista que a
parábola é uma referência a nossa relação com Deus, ela representa a
incomensurabilidade da dívida que temos para com Deus em virtude do pecado em
comparação com qualquer ofensa que alguém possa nos fazer. A diferença
hiperbólica entre as duas dívidas tem a intenção de nos dar a ideia de como é
grande o nosso débito diante do Senhor.
Por isso o texto faz questão de
ressaltar que o servo não tinha como pagar a dívida, assim como nós mesmos não
temos como nos resgatar da prisão eterna que merecíamos em virtude da nossa
dívida diante de Deus. Cristo pagou nossa dívida na cruz.
Na CHAVE 2 encontramos a ordem do rei de que o servo, sua mulher e filhos e tudo que possuía fossem vendidos para saldar a dívida. O apóstolo Paulo afirma que ele era carnal, vendido à escravidão do pecado (Rm. 7.14). Se dependesse apenas de nossos méritos pereceríamos vendidos como escravos em virtude do nosso pecado, porque essa dívida jamais seria paga. Porém encontramos também o rei se compadecendo das súplicas do servo e aqui o texto nos esclarece a importância de clamarmos a Deus pelo perdão de nossos pecados (1Jo. 1.9).
Outro ponto importante é que Deus
faz por nós muito mais do que pedimos ou pensamos (Ef. 3.20), o servo havia
clamado por paciência para que o rei lhe desse mais tempo para saldar sua
dívida, porém o rei lhe perdoou por completo.
O Perdão
Na CHAVE 3 logo no início
percebemos que o servo saiu da presença do rei, assim como por vezes saímos da
presença do Senhor, e longe da presença do rei aquele homem temente, humilde
que clamava por perdão se transformou em violento e inclemente devorador. É o
que ocorre quando deixamos a presença de nosso Rei. É importante salientar aqui
que quando o texto diz que o rei “mandou-o embora” (versão ARA) se refere não
ao ato de expulsá-lo de sua presença, mas o de soltá-lo, libertá-lo da dívida
que o levaria à prisão, de deixa-lo ir como aparece mais claramente nas versões
NVI e AA da Bíblia Sagrada. As palavras gregas αφηκεν (apheken) e εξηλθεν
(eksielthen) utilizadas no texto original esclarece bem a diferença entre o
deixar ir do versículo 27 e o sair do versículo 28.
Lembramos mais uma vez a ínfima
ofensa (dívida) do seu conservo em comparação com a imensa dívida (ofensa) que
ele mesmo possuía para com o rei. Porém o servo não se atentava para isso e não
exercia o perdão, mas julgava sem misericórdia a ponto de colocar o conservo na
prisão até saldar sua dívida, a mesma prisão da qual ele mesmo havia escapado.
Na próxima postagem
esclareceremos então o significado das duas últimas Chaves de Compreensão e
veremos a bela conclusão que Jesus nos coloca e que deve servir para a nossa
reflexão. Então até lá.
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