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O ÚNICO MEDIADOR

Quando o apóstolo Paulo diz: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm. 2.5), certamente está também fazendo uma referência ao ofício do Sumo Sacerdote do povo de Israel.

O Sacerdote

Hb. 2.17

A função do Sumo Sacerdote nos tempos da Antiga Aliança era ser um mediador entre o povo e o Senhor, por isso vemos no livro de Levítico, por exemplo, Deus determinando que Arão (o primeiro Sumo Sacerdote de Israel) fizesse: “[...]expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel” (Lv. 16.17). É interessante notar que o Sumo Sacerdote em seu ofício no Templo levava sobre seu peito o nome das doze tribos de Israel (Ex. 28.21) e em sua cabeça uma lâmina de ouro onde estava escrito: “Santo ao Senhor” (Ex. 28.36).  

Ocorre que na Nova Aliança não necessitamos mais de Sumo Sacerdote humano para entrar uma vez por ano no Santo dos Santos e fazer expiação por nossos pecados pois temos o Sumo Sacerdote eterno que entregou a própria vida em propiciação pelos nossos pecados: Jesus Cristo.

Porém para que o sacrifício do filho unigênito do Pai (Jo. 3.16) fosse eficiente nessa propiciação foi necessário que Ele se esvaziasse da condição de Deus (Fp. 2.7) e estivesse no meio de nós como homem, pois uma vez que o nosso pecado tinha origem no pai da raça humana, o primeiro homem (Adão), era preciso que o sacrifício propiciatório à justiça divina fosse feito por alguém da mesma raça humana. Jesus era inteiramente homem e com isso se enquadrava no requisito.

Jesus-Deus

No entanto para que seu sacrifício enquanto homem fosse universal, alcançasse toda a raça, era preciso que Ele fosse Deus. Jesus não deixou de ser Deus quando esteve entre nós, ao contrário, Ele era inteiramente Deus, apenas esvaziou-se de Sua Glória. Cristo, portanto, não era Deus e homem, mas o Deus-homem, ele possuía as duas naturezas em uma única personalidade. Seu sacrifício, portanto, pagava o preço do pecado em sua natureza humana sem pecados e abrangia toda a raça em virtude de Sua natureza divina, pois Ele mesmo estava criando uma nova geração: a dos separados para o Senhor em seus corpos glorificados (Fp. 3.21)

Em virtude de Jesus ser homem ele pode fazer expiação pelo homem e atender a exigência do preço do pecado.

A esse respeito o escritor da carta aos hebreus escreve: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo ... Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo.” (Hb. 2. 14,17).

Em virtude de Jesus ser homem ele pode fazer expiação pelo homem e atender a exigência do preço do pecado. Por Jesus ser Deus Ele pode oferecer esse resgate à toda a humanidade. Por isso quando o apóstolo Paulo diz que quando estamos em Cristo somos novas criaturas (2Co. 5.17) ele não está falando simplesmente de disposições interiores ou de sentimentos, mas de uma verdadeira transformação pois passamos a fazer parte de uma nova geração cuja plenificação se dará quando estivermos definitivamente junto ao Pai.

É, portanto, também neste sentido amplo que devemos entender as palavras de Paulo em sua carta a Timóteo: Jesus, homem, é o único mediador entre Deus e o homem, pois ao nascer entre nós tomou de nossa humanidade e a santificou diante do Pai com o seu sacrifício, se fez pecado por nós (2Co. 5.12) e o expiou de uma vez por todas nos livrando do corpo da morte (Rm. 7.24).

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