É patente que o ser humano vive sempre em busca de algo, sempre é alguém insatisfeito. Se por um lado essa característica tem sido o motor do desenvolvimento da sociedade pois instiga o ser humano a sempre buscar algo melhor, por outro demonstra uma angustiante e permanente ausência de completude.
A Busca
É evidente que cada um de nós
somos seres completos enquanto constituição biológica adaptada ao meio em que
vivemos e que, guardada as limitações humanas, também somos psicologicamente
completos, no entanto podemos perguntar de onde vem essa constante sensação de
que falta algo?
Algumas pessoas pensam que se sentirão inteiramente realizadas ao adquirir bens em abundância, outras buscam poder absoluto, há os que buscam algum tipo de prazer constante ou mesmo uma relação amorosa estável. Mas o fato é que o mundo está repleto de pessoas que alcançaram tais coisas e ainda assim se sentem insatisfeitos. Qual o limite de se obter dinheiro? Quanto maior a quantidade monetária acumulada mais se vai descobrir motivos para necessitar ainda mais e da mesma forma com os demais itens normalmente listados como capazes de saciar o ser humano. O desejo de um algo a mais, que muitos imaginam ser uma busca pela felicidade plena, é incansável.
Aristóteles entendia que a
realização completa da função do homem enquanto homem, normalmente relacionada
com a filosofia e a política, era o que se caracterizava o que ele chamou de
Eudaimonia, frequentemente traduzido como felicidade.
Ser Pleno
A verdade é que o ser humano
necessita sim se tornar pleno, porém essa completude não virá de algo material,
de alguma sensação ou atividade.
Já falamos aqui no blog, em
outros textos, que quando Deus criou o homem e afirmou que não era bom que ele
estivesse só (Gn. 2.18) se referia a necessidade social do ser humano. Falamos
também que ao afirmar que o homem deixa pai e mãe e se une a sua mulher
tornando-se os dois uma só carne (Gn. 2.24), além de estabelecer o padrão
divino de reação conjugal, demonstrava que juntos, homem e mulher, refletiam de
maneira mais perfeita a imagem e semelhança de Deus (Gn. 1.27).
...o desejo de algo que nos complete que tem atormentado o ser humano durante sua história só será satisfeita quando nos entregarmos ao Senhor...
No entanto, somente a nossa união
com Deus por meio de Jesus Cristo é que nos torna plenos. Ele mesmo nos afirmou
que ninguém vai ao Pai se não for por Ele (Jo. 14.6).
Devemos lembrar que é o Senhor
que efetua em nós o querer e o realizar (Fp. 2.13), portanto embora tenhamos
sido criados como seres completos não somos capazes de realizar efetivamente
coisa alguma se Deus não permitir. É importante salientar também que o pecado
vem degenerando nossa natureza desde o primeiro casal (Gn. 3).
A busca insaciável pela plena
realização eudaimônica imaginada por Aristóteles, o desejo de algo que nos
complete que tem atormentado o ser humano durante sua história só será
satisfeita quando nos entregarmos ao Senhor, estivermos em Cristo permitindo
que a Sua pessoalidade plenifique a nossa personalidade, dessa forma nos
reconheceremos completos pois, como nos ensina o apóstolo Paulo: “nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade, e tendes a vossa plenitude
nele, que é a cabeça de todo principado e potestade” (Cl. 2. 9-10).
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