Alguns textos bíblicos provocam estranheza em algumas pessoas por parecerem estar em desacordo com a ideia de infinita bondade e misericórdia do Senhor. Um desses textos certamente é o relato da morte de Uzá ocorrida em virtude de ter tentado proteger a Arca da Aliança de uma iminente queda quando em seu transporte os bois tropeçaram.
Por se tratar de um tema
relativamente complexo proponho um estudo em duas partes a serem publicadas nas
postagens do blog Preceitos de Fé.
O Caso de Uzá
Vejamos o texto:
“Então Davi reuniu todos os israelitas, desde o rio Sior, no Egito, até Lebo-Hamate, para trazerem de Quiriate-Jearim a arca de Deus. Davi e todos os israelitas foram a Baalá, que é Quiriate-Jearim, em Judá, para buscar a arca de Deus, o Senhor, que tem o seu trono entre os querubins; a arca sobre a qual o seu nome é invocado. Da casa de Abinadabe levaram a arca de Deus num carroção novo, conduzido por Uzá e Aiô. Davi e todos os israelitas iam dançando e cantando com todo o vigor diante de Deus, ao som de harpas, liras, tamborins, címbalos e cornetas. Quando chegaram à eira de Quidom, Uzá esticou o braço e segurou a arca, porque os bois haviam tropeçado. A ira do Senhor acendeu-se contra Uzá, e ele o feriu por ter tocado na arca. Uzá morreu ali mesmo, diante de Deus.” (1Cr. 13. 5-9).
Ao lermos esse texto é comum nos
perguntarmos porque Deus foi tão severo com Uzá apenas por tocar na Arca,
afinal ele a segurou para a proteger de um possível dano caso caísse do carro,
ou seja, Uzá aparentemente foi punido por um ato bom, por demonstrar zelo pela
Arca da Aliança.
A resposta a esse questionamento
encontramos um pouco mais adiante no texto bíblico, ainda no Livro de Crônicas,
quando diz o Rei Davi: “Então, disse Davi: Ninguém pode levar a arca de Deus,
senão os levitas; porque o SENHOR os elegeu, para levarem a arca de Deus e o
servirem para sempre..”(1Cr. 15.2). Davi é ainda mais esclarecedor quando
reunindo os filhos de Arão e os levitas, diz: “Pois, visto que não a levastes
na primeira vez, o SENHOR, nosso Deus, irrompeu contra nós, porque, então, não
o buscamos, segundo nos fora ordenado.”. (1Cr. 15.13).
Os Levitas
O rei está se referindo a uma
determinação do Senhor que encontramos em Deuteronômio onde lemos: “Por esse
mesmo tempo, o SENHOR separou a tribo de Levi para levar a arca da Aliança do
SENHOR, para estar diante do SENHOR, para o servir e para abençoar em seu nome
até ao dia de hoje.” (Dt. 10.8). Essa determinação está relacionada com outra
ordenança de Deus ainda mais ampla: “Disse o SENHOR a Moisés: Faze chegar a
tribo de Levi e põe-na diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam e cumpram
seus deveres para com ele e para com todo o povo, diante da tenda da
congregação, para ministrarem no tabernáculo. Terão cuidado de todos os
utensílios da tenda da congregação e cumprirão o seu dever para com os filhos
de Israel, no ministrar no tabernáculo.” (Nm. 3. 5-8).
...lembremos que Deus não faz acepção de pessoas...
Quando lemos o mesmo relato da
morte de Uzá no segundo Livro de Samuel, capítulo 6, encontramos no versículo 3
que “Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe,
que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.”
(2Sm. 6.3). Ora, Abinadabe não era filho de Levi, portanto seus filhos Uzá e
Aiô não eram levitas e, segundo as ordenanças do Senhor, não poderiam carregar
a Arca da Aliança.
No entanto não se trata de ser
castigado por não fazer parte de determinada casta do povo de Israel, lembremos
que Deus não faz acepção de pessoas (At. 10.34). Qual então seria o significado
profundo desse texto? É o que descobriremos na segunda parte do tema Uzá e a
Arca, na próxima postagem do blog Preceitos de Fé. Então, até lá.
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