Na Primeira Parte deste estudo analisamos Mc. 16. 14-18, onde Jesus comissiona seus
discípulos a pregar o evangelho por todo o mundo e fala dos sinais que
seguiriam àqueles que cressem. Hoje continuaremos abordando outros relatos
bíblicos que tratam do dom de falar em línguas, dado pelo Espírito Santo.
Um
relato bíblico que parece reforçar o que foi argumentado na Primeira Parte
deste estudo, é o que encontramos no Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2,versículos de 1 a 11.
O relato do livro de Atos
Naquele
momento já havia ocorrido a ascensão de Jesus, os discípulos haviam voltado
para Jerusalém e era chegado o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos em um
mesmo local. De repente, todos ficaram “cheios do Espírito Santo” e passaram a
falar em outras línguas (v.4). No versículo 5 o escritor bíblico esclarece que,
naquele tempo, estavam habitando em Jerusalém homens vindos de todas as nações.
A
multidão, ouvindo aquele barulho se dirigiu a eles e ficaram perplexos, pois
cada uma das pessoas que lá estavam para a festa de Pentecostes os ouvia falar
em suas próprias línguas maternas (vs. 6-7). E se admiravam porque mesmo sendo
eles partos, medos, elamitas, naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia,
Ponto, Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e de tantas outras nações, ainda
assim, cada um deles ouvia os discípulos falarem as grandezas de Deus em sua
própria língua (vs. 8-11).
A
Bíblia ainda relata nos versículos 14 a 41 que os 12 apóstolos ergueram a voz e
pregaram e em seguida, naquele momento do agir de Deus, quase três mil pessoas
se converteram.
É
bom ter em mente que naquele tempo, segundo o relato bíblico, o evangelho ainda
não havia sido pregado em público pelos discípulos de Jesus, não havia igrejas
nem congregações cristãs, eles ainda nem eram denominados cristãos, a boa nova
ainda precisava ser pregada ao mundo e o processo de surgimento e difusão do
cristianismo começa ali. Portanto, assim como em Mc. 16. 14-18, esse texto,
quando diz que os discípulos falaram em outras línguas, também se refere a
línguas humanas, idiomas dos diversos povos existentes no mundo, que foram
falados para fins de evangelização.
Encontramos
outro relato do dom de línguas dado pelo Espírito Santo em At. 10. 44-48. Esse
texto, embora afirme que Cornélio era centurião da coorte chamada Italiana,
parece demonstrar que ambos, ele e Pedro, falavam o mesmo idioma. Sendo assim o
dom de línguas, aqui, à primeira vista, não parece ter sido usado com fins
evangelísticos, no entanto, precisamos notar alguns detalhes nesse relato.
O caso de Cornélio
O
texto afirma que Cornélio não estava só ao ouvir as admoestações de Pedro, pois
tinha reunido também seus parentes e amigos íntimos (At. 10.24) e não se sabe
se dentre eles havia pessoas que falavam outro idioma.
Outro
ponto importante é que aquela manifestação do poder de Deus viria a fazer Pedro
e, posteriormente, os demais discípulos, compreender que “também aos gentios
foi concedido o arrependimento para a vida” (At. 11.18), pois aquele fenômeno
era a realização da visão que o apóstolo havia tido no dia anterior (At. 10.9-16). Portanto, se o falar em línguas não teve a função, naquele momento, de
evangelizar os demais presentes, pois é possível que todos falassem o mesmo idioma, certamente serviu para evangelizar o próprio
apóstolo quanto ao direito dos gentios à salvação e à vida eterna.
...convém lembrar que Éfeso era uma cidade portuária e rota comercial importante na província romana da Ásia
É
digno de nota, também, que caso o dom de línguas dado pelo Espírito Santo a
Cornélio e aos demais que ouviram a pregação de Pedro em Cesareia se tratasse
de uma língua diferente, não humana, Pedro teria se surpreendido com o fato e
certamente o escritor bíblico teria registrado essa diferença em seus relatos.
O próprio Pedro, ao justificar o ocorrido aos demais discípulos (At. 11.1-18),
afirma que Deus concedeu a Cornélio e aos demais presentes o mesmo dom
que havia dado a eles quando haviam crido em Jesus (At. 11.17), portanto, se fosse
algo novo, uma língua nova, estranha, diferente do que o próprio Pedro havia
conhecido ele teria falado disso nesse momento. E como vimos anteriormente o
dom de línguas com que foram abençoados os discípulos em At. 2.1-11 se tratava
do dom de falar em idiomas de outras nações.
Ainda
no Livro de Atos, no capítulo 19, versículos 1-7, encontramos uma outra
referência ao dom de falar em línguas, dado pelo Espírito Santo. Neste relato o
apóstolo Paulo chega a Éfeso e lá encontra alguns discípulos (v. 1) a quem
pergunta se haviam recebido o Espírito Santo, ao que eles respondem que nem
sabiam da existência do Espírito Santo (v. 2) e afirmam que foram batizados no
batismo de João (v.3). Paulo então os batiza em nome de Jesus (v. 5).
No
versículo 6, pela primeira vez na bíblia, o dom de falar em línguas aparece
junto com outro dom do Espirito: o dom de profetizar. Paulo impõem as mãos
sobre eles e recebem o Espírito Santo, passando a falar em línguas e a
profetizar. O versículo 7 informa que esses discípulos eram em torno de 12
homens.
Nesse
relato, assim como o de At. 10, também não está especificado que tipo de língua
foi falada por aqueles 12 homens e também, aparentemente, ao menos naquele
momento, não parece ter tido a função evangelística. No entanto, convém lembrar
que Éfeso era uma cidade portuária e rota comercial importante na província
romana da Ásia, portanto, para lá afluíam muitas pessoas de diversas nações,
sendo assim, é provável que, posteriormente, o dom de línguas tenha sido usado
por aqueles doze discípulos para evangelizar pessoas de outras nacionalidades.
Analisamos,
até aqui, textos bíblicos que tratam do dom de línguas em relatos de atividades
do dia-a-dia dos apóstolos de Jesus, nas próximas três postagens falaremos da
Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios que tem sido usada como fundamento da
doutrina das Línguas dos Anjos. Fiquem na Paz. Um forte abraço e até a próxima
postagem.
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Bom dia! Ao dizer "estender as mãos", não seria um claro sinal de evangelismo por parte de Paulo? Salvo erro, ouvi esta tradução de frase da língua hebraica, a pouco mais de um ano. E, culmina no evangelizar e não na ênfase de manifestação (Ainda não li a parte 3 e 4, mas desejei fazer este comentário). Que o Eterno abençoe!
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