Na PrimeiraParte deste estudo analisamos Mc. 16. 14-18, onde Jesus comissiona seus
discípulos a pregar o evangelho por todo o mundo e fala dos sinais que
seguiriam àqueles que cressem. Na Segunda Parte estudamos o capítulo 2 do Livro dos Atos dos Apóstolos, bem como os capítulos 10 e 19 do mesmo livro que também
mencionam o dom de falar em línguas, dado pelo Espírito Santo.
Hoje
iniciaremos o estudo da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, especialmente
os capítulos 12, 13 e 14, onde o apóstolo trata de maneira bem clara e específica
do referido dom.
A carta de Paulo
Embora
tenhamos comentado alguns versículos bíblicos que se referem ao dom de falar em
línguas, dado pelo Espírito Santo, certamente o local na bíblia que mais trata
desse assunto é a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios nos capítulos 12, 13 e 14, quando o apóstolo trata dos dons espirituais. E o versículo que mais causa
controvérsia é 1Co. 13.1, onde Paulo escreve: “Ainda que eu fale as línguas dos
homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o
címbalo que retine.”.
Fundamentada
neste versículo está praticamente toda a doutrina do dom de falar línguas
estranhas, onde alguns creem que tomadas pelo Espírito Santo, as pessoas que
são por Ele batizadas, podem falar em língua ou línguas ininteligíveis, e assim
são tais línguas por serem línguas de anjos, portanto incompreensíveis entre os
humanos.
...Paulo usou o capítulo 13 para falar da importância e da necessidade do amor na vida dos irmãos...
Primeiramente
é bom que se saiba que não existe nenhum outro lugar na bíblia que use esse
termo, não há nenhuma outra referência bíblica que indique diretamente a
existência de uma suposta língua angelical. Então o que Paulo estava dizendo?
Analisando
o texto na língua original, o grego, percebemos que Paulo inicia a frase
utilizando a conjunção condicional grega ἐάν [eán] (se, caso) e que foi apropriadamente traduzida por “ainda
que”, portanto, temos uma relação condicional, ou seja, Paulo está
falando de extremos, como se estivesse dizendo: “ainda que eu fosse capaz de
falar todas as línguas dos homens e dos anjos se eu não tiver amor, isso de nada adiantará.”, ele não está afirmando que
fala língua de anjos.
Precisamos
analisar todo o contexto das palavras de Paulo. No capítulo 12 o apóstolo
começa a discorrer sobre os dons espirituais, dentre eles o de falar em línguas,
e durante sua explanação, Paulo afirma que o Espírito Santo é quem distribui os
dons, conforme Sua vontade (1Co. 12.11). No versículo 31, o apóstolo recomenda
aos irmãos da igreja de Corinto a procurarem os melhores dons e afirma que “o
caminho que é o melhor de todos” (1Co. 12.31 - NTLH) é o caminho do amor e,
então, discorre em todo o capítulo 13 sobre a importância do amor e sua
superioridade sobre todo o resto.
No
versículo 8 do capítulo 13 Paulo chega a afirmar que “havendo profecias,
desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará” (1Co.13.8), mas que o amor não acaba nunca. Portanto, fica claro que Paulo usou o
capítulo 13 para falar da importância e da necessidade do amor na vida dos
irmãos e, para enfatizar essa verdade, ele inicia o texto utilizando uma
metáfora.
Texto fora do contexto
É
importante notarmos o perigo de fazermos doutrina tendo como base apenas um
versículo fora do contexto, pois se considerarmos que Paulo aqui está afirmando
realmente que fala língua de anjos, devemos analisar os versículos seguintes da
mesma forma. Então no versículo 3 Paulo estaria dizendo que deveríamos
distribuir todos os nossos bens para os pobres e que, ainda mais absurdo,
deveríamos queimar nossos corpos. O apóstolo inicia esse versículo com a mesma conjunção
condicional grega ἐάν [eán] (se, caso).
No
caso da suposta exigência da distribuição de todos os nossos bens aos pobres,
essa teria até mais argumentos bíblicos do que o falar em língua de anjos, pois
o próprio Jesus recomenda ao jovem rico que se desfaça de seus bens (Mt.19.21), mas não vejo irmãos interessados em interpretar esse versículo dessa
forma.
De
fato, assim como Paulo não está afirmando que fala na língua dos anjos no
versículo 1, também não está dizendo que devemos doar todos os nossos bens para
os pobres e muito menos que devemos queimar nossos corpos no versículo 3.
Utilizei esse exemplo para demonstrar como é perigoso fundamentar doutrina em
um único versículo fora de contexto.
Embora
esteja claro que o termo “língua dos anjos” foi uma metáfora utilizada por
Paulo em seu texto, o próprio apóstolo usa em outro versículo o termo “línguas
estranhas”, não estaria ele, nesse momento, se referindo a línguas não humanas?
Analisaremos essa questão na próxima postagem do Blog Preceitos de Fé, aguardo
vocês lá. Fiquem na Paz. Um forte abraço.
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Muito bom e bem explicado. Parabéns
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