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HÁ MALDADE EM DEUS?

Vez por outra encontramos pessoas questionando se existe maldade em Deus. Se as dores do mundo são provocadas pelo Senhor.
Alguns acreditam que a Bíblia relata dois deuses, ou, ao menos, duas personalidades de Deus: um Deus da Lei, no tempo do Antigo Testamento, e um outro Deus da Graça, personificado na pessoa de Jesus.
1Jo. 1.5
Em primeiro lugar quero expor aqui duas declarações bíblicas a respeito da pessoa de Deus. Uma encontramos na primeira epístola de João, capítulo 1, versículo 5, onde o apóstolo afirma: “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. ” (1.Jo. 1.5).
Ora, se Deus é luz e nEle não há treva alguma então não pode haver no Senhor, em sua essência, qualquer espécie de maldade. O apóstolo Tiago ainda acrescenta que Ele, o Senhor, não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta (Tg. 1.13).
A segunda declaração encontramos em Malaquias, capítulo 3, versículo 6, e é dada pelo próprio Deus, quando afirma: “Porque eu, o Senhor, não mudo” (Ml. 3.6).
Portanto, se o próprio Senhor afirmou que não muda, então não podemos considerar a possibilidade de haver duas personalidades distintas de Deus, uma no Antigo Testamento e outra no Novo Testamento.

As mortes na Bíblia

No entanto, o que dizer da grande quantidade de mortes relatadas no Antigo Testamento, alguma, inclusive, ordenadas por Deus, e das inúmeras catástrofes pessoais e sociais que presenciamos na história da humanidade até os dias de hoje?
Para compreendermos essas situações precisamos perceber que Deus, embora seja amor e misericórdia, Ele também é justiça, portanto estaria negando sua natureza justa e, com isso, praticando injustiça, se permitisse que a iniquidade praticada sem arrependimento não sofresse consequências.
Veja, Adão e Eva escolheram desobedecer a Deus quando comeram do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (Gn. 3.6) e, como consequência do seu ato, foram expulsos da convivência íntima com Deus no Jardim do Éden (Gn. 3.23), pois pecaram, praticaram o mal, e bem sabemos que bem e mal não convivem, pois entre eles não há acordo (Am. 3.3). Porém, não foi o Senhor que escolheu os expulsar, a escolha foi deles.
Embora, para alguns, possa parecer crueldade, os relatos das guerras entre o Povo de Deus e os seus inimigos, devemos lembrar que não foi por falta de misericórdia que Deus ordenou aquelas invasões, pois o Senhor, pacientemente, esperou o arrependimento daquele povo, por cerca de 400 anos (Gn. 15. 13-16) e Ele mesmo declarou que foi pela maldade deles que os entregou nas mãos dos filhos de Israel (Dt. 9.5).
A misericórdia de Deus deu àquele povo um período de cerca de 400 anos para se arrependerem e isso não ocorreu. A justiça de Deus não poderia permitir que um povo que praticava todo tipo de abominação, chegando a queimar os próprios filhos a seus deuses (Dt. 12.31), não sofresse as consequências de seus atos.

A mesma origem

Não devemos perder de vista também que todos eles, tanto o povo de Israel como as demais nações, são descendentes de Adão e Eva e tiveram como pai, Noé, portanto a diferença entre eles está nas escolhas que fizeram.

Percebamos que o sofrimento e as tragédias estão dentro do escopo da justiça divina, porém no sentido de que o Senhor as permite, como consequência, não que as impute como vingança.

O apóstolo Paulo trata muito bem essa questão quando escreve aos romanos sobre a culpabilidade dos atos humanos: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se lhes o coração insensato. ” (Rm. 1.20-21).
E no versículo 24 esclarece sobre as consequências de tais atos: “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si ” (Rm. 1.24)
Percebamos que o sofrimento e as tragédias estão dentro do escopo da justiça divina, porém no sentido de que o Senhor as permite, como consequência, não que as impute como vingança.
A vingança e a maldade são sentimentos que pertencem ao homem pecador, pois os desígnios do seu coração são maus desde a mocidade (Gn. 8.21), porém esses atos sempre trarão consequências como aconteceu aos povos das regiões da Filístia, cuja vingança que pretendiam caiu sobre as próprias cabeças (Jl. 3.4).
Nos acheguemos, pois, mais e mais, ao nosso Deus misericordioso e busquemos sempre estar debaixo de Sua Graça, porém jamais nos esqueçamos também de Sua sábia justiça.

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