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NÃO SEJA BOM DEMAIS

É comum, quando temos os primeiros contatos com a Palavra de Deus e somos verdadeiramente tocados em nossos corações pela Verdade, nos sentirmos tão pecadores que corremos o risco de partirmos para extremos.
Passamos a agir com paixão, e não com amor como deveria ser, pela Palavra de Deus e nos tornamos excessivamente críticos com os outros e/ou com nós mesmos. Repudiamos qualquer ação ou palavra que julgamos errada, mesmo, muitas vezes, não conhecendo todo o contexto em que elas foram ditas ou realizadas.
Qualquer afirmação que pareça mentira na cabeça de tais “apaixonados por Cristo” é pecado de morte e sendo assim, deve ser combatida, dessa forma desandam a falar todo tipo de “verdade” em qualquer momento e a qualquer pessoa se desviando dessa forma do caminho da sinceridade e adentrando às escuras veredas da indelicadeza, da grosseria e da falta de amor ao próximo.
Também já ouvi pessoas, nesse estágio inicial de conhecimento da Palavra, perguntarem insistentemente se não teriam cometido, elas mesmas, o pecado que não tem perdão, o pecado para morte citado por Jesus (Mt. 12.31) apenas porque se irritaram com a vida em algum momento.

Paixão e moderação

A despeito desse entusiasmo quase incontrolável pelo que é bom e certo, ser, muitas vezes, algo gratificante e produtivo, é preciso ter cuidado com a “paixão” pois todos sabemos que qualquer paixão é passageira e assim, como aqueles que receberam a semente em solo rochoso e logo a esqueceram em virtude das perseguições e aflições do mundo (Mt. 13.20-21) esses também tendem a abandonar a
Ec. 7.16
Palavra quando passam a sofrer decepções, seja com a igreja, seja com os irmãos, seja com a própria incapacidade de ser tão “bom” como gostaria de ser.
O Rei Salomão nos recomenda moderação em tudo, inclusive na bondade. Isso mesmo, não devemos ser excessivamente bons. Parece entranho não é? Veja o que Salomão escreve em Eclesiastes 7. 15-16: “Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há perverso que prolonga os seus dias na sua perversidade. Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?”.
Devemos então ter limites para o amor ao próximo? Não, porem devemos ter moderação. É bom lembrarmos que não vivemos no mundo ideal que Deus desejou pra nós quando nos criou (Gn.1.27), vivemos em um mundo caído em virtude do pecado (Gn.3.16-19) e que jaz no maligno (1Jo.5.19). Portanto a prudência é uma palavra de sabedoria no mundo em que vivemos, afinal ela, a sabedoria, habita com a prudência (Pv. 8.12).

...ao julgarmos palavras ou ações alheias ou mesmo as nossas, passadas ou futuras, evitemos o excesso de zelo...

Veja, Jesus na Parábola do Administrador Infiel (Lc. 16.1-13) não estava aprovando a desonestidade, mas apenas recomendando a sagacidade, o uso da inteligência para a resolução das questões do dia-a-dia, mantendo sempre a fidelidade.
Deus, quando mandou Samuel a ungir Davi rei de Israel (1Sm. 16.2), não estava autorizando o profeta a mentir, mas apenas demonstrando que não precisamos dar todas as informações disponíveis ao nosso inimigo.
O Rei Salomão recomenda no Livro de Provérbios que não devemos declinar nem para direita nem para a esquerda, pois devemos retirar nosso pé do mal. (Pv. 4.27).

O amor 

A moderação deve ser procurada, sempre que possível. Quando Jesus nos ordenou a amarmos os inimigos (Lc. 6.35) não estava afirmando que devíamos ter por eles o mesmo sentimento, a mesma afinidade que temos pelos que nos amam, Ele sabia que nós não temos essa capacidade, mas apenas dizendo que devemos tomar a decisão de ter por eles o amor cristão. Da mesma forma quando o Apóstolo Paulo nos aconselha a não nos relacionarmos com os pecadores não queria que nos isolássemos do mundo (1Co.5.10).
 Jesus nos recomenda a perdoar aquele que nos faz mal, porém não nos exime de repreende-lo (Lc. 17.3). Amar ao próximo é um mandamento, mas amar a si mesmo também é, portanto, devemos tratar aqueles que nos querem mal com o amor que Cristo nos ensinou, afinal nossa luta não é contra carne ou sangue (Ef. 6.12), porém a autopreservação, o zelo pela nossa vida e nosso bem estar e pelo bom andamento da obra de Deus, também é imperativo, dessa forma, muitas vezes a autodefesa e a repreensão são, sim, necessárias. Não sejamos bons demais, aceitando tudo de todos.
Da mesma forma, ao julgarmos palavras ou ações alheias ou mesmo as nossas, passadas ou futuras, evitemos o excesso de zelo, pois, enquanto o Senhor não voltar, Jesus será sempre o nosso advogado(1Jo.2.1), pois se Ele fosse nos tratar apenas com justiça e não tivesse por nós misericórdia, nem estaríamos mais aqui. Se temos uma nova oportunidade a cada dia é porque para Ele a Misericórdia triunfa sobre o juízo (Tg. 2.13).
Devemos sempre ter em mente que “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Ec. 7.20), nem nós mesmos, nem ninguém.

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