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TEMER A DEUS

Nós que somos cristãos, certamente já ouvimos por diversas vezes que devemos temer ao Senhor, mas o que de fato significa essa afirmação? O que vem a ser esse temor?
A compreensão equivocada da essência desse temor que devemos ter a Deus pode levar aos menos experientes na Palavra a imaginar um Deus de terror de quem devemos ter medo. A leitura isolada e fora de contexto de alguns versículos bíblicos, sobretudo do Antigo Testamento, podem corroborar com essa ideia distorcida do nosso Deus que é amor (1Jo. 4.8).
Passagens onde o próprio Deus afirma que a Ele pertence a vingança (Dt. 32.35), que dá a vida e a tira (1Sm. 2.6) ou que oferece a benção e a maldição (Dt. 30.19), dentre tantas outras do Antigo Testamento e, até mesmo, o relato de Jesus amaldiçoando a figueira e fazendo-a secar até a raiz (Mt. 21.18-19), podem levar a crer que Deus deve nos provocar medo.
No entanto, essa ideia é completamente infundada, pois, bem sabemos que em Deus não há nenhum mal (1Jo. 1.5) e que Ele não quer que nenhum de nós se perca (2Pe.3.9), mas, em uma sublime demonstração de amor por nós, foi capaz de dar seu filho unigênito para nos salvar da morte (Jo. 3.16). Sendo assim, o que vem a ser esse temor que devemos ter a Deus?

O que diz Paulo

Analisemos o versículo 12 do capítulo 2 da epístola de Paulo aos filipenses onde o apóstolo recomenda: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”. (Fp. 2.12).
Ao observarmos as palavras utilizadas nos originais gregos (que serviu como base para todas as demais traduções do Novo Testamento) encontramos φόβως (temor, medo) e τρόμος (tremor de medo, arrepio).
Gn. 1.2
Percebemos que Paulo recomenda aos filipenses uma postura de profundo temor, ao ponto de tremer de medo. No entanto, de que deveria ser esse medo?
Se comparáramos o texto citado com o que encontramos na epístola de Tiago, capítulo 2, versículo 19 onde ele escreve: “Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem” (Tg. 2.19), logo percebemos que os demônios são capazes de crer que Deus é único e até capazes de tremer de medo, mas eles não O temem. Portanto, se os demônios são capazes de tremer de medo, mas não temem a Deus, fica evidente que medo e temor a Deus, nesse contexto, não são sinônimos.
Se voltarmos ao texto de filipenses, agora no versículo 13, lemos: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp. 2.13). Percebamos que Paulo está recomendando aos irmãos filipenses que continuem em obediência “desenvolvendo a salvação” com temor e tremor porque é o Senhor quem realiza neles (e em nós) tanto o querer como o realizar, ou seja, eles e nós somos completamente dependentes do Senhor e sem Ele nada podemos fazer (Jo.15.5).

O verdadeiro temor

Dessa forma, o temor que devemos ter não é da presença de Deus, mas de Sua ausência, porque quando nos afastamos do Senhor criamos uma barreira entre nós e o nosso Criador (Is. 59.2), ficamos perdidos e envergonhados como aconteceu com Adão e Eva que, no Éden, escolheram o caminho da desobediência e ficaram envergonhados e junto com a vergonha veio a culpa e a morte (Gn. 3.8-19).

O Deus de amor que nos ama, guarda, protege e orienta, jamais poderia infundir em seus filhos medo ou pavor...

A ausência de Deus em nossas vidas, essa sim, deve causar medo ao ponto de tremermos de pavor, pois onde não há a ação de Deus reina o caos (Gn. 1.2).
Quando a Palavra de Deus recomenda-nos temer ao Senhor, não se refere de maneira alguma a temer a Sua divina presença, mas temermos nos distanciarmos dEle, pois dessa forma estaremos entregues às nossas próprias concupiscências para a nossa perdição (Rm. 1.24-27).
O Deus de amor que nos ama, guarda, protege e orienta, jamais poderia infundir em seus filhos medo ou pavor, mas a segurança da salvação.
Portanto, todas as vezes em que inadvertidamente estejamos seguindo por caminhos que nos levem para longe de Sua presença, lembremos que o apóstolo Paulo nos alerta que longe dEle nossa realidade será tão tenebrosa que só de pensar nisso devemos ter medo ao ponto de sentirmos arrepios.

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