É verdade que devemos desejar que
todas as pessoas se convertam a Cristo e alcancem a salvação porque esse também
é o desejo de Deus (1Tm. 2.4), no entanto devemos ter cautela quanto aos
esforços que empreendemos na pregação do evangelho com o intuito de ampliar o
número de convertidos.
Desde quando a expressão “ganhar
para Cristo” se popularizou no meio evangélico parece ter havido muito mais ênfase
no verbo ganhar do que no nome de Cristo.
Nos dias de hoje o que vemos em
muitas igrejas é uma verdadeira competição para saber quem “ganha mais almas
para Jesus”. Essa competição ocorre não apenas entre irmãos da igreja, mas
também, muitas vezes, entre denominações cristãs.
Entre os irmãos, por trás dos
esforços para atrair novos convertidos está, muitas vezes, o orgulho de se
sentir importante dentro da congregação ou a ambição de alcançar favores do
pastor ou cargos dentro da igreja, tendo em vista os seus “resultados”.
Entre denominações, essa disputa
para “converter” mais adeptos, algumas vezes, esconde não apenas o orgulho de
seus líderes, mas também visam o incremento das receitas da igreja por meio de
dízimos e ofertas.
Ambas as faces dessa disputa para
a conquista de mais e mais “afiliados a Jesus” provém de uma interpretação
equivocada do texto bíblico.
A expressão "ganhar para Cristo"
A expressão “Ganhar para Cristo”
provavelmente tem origem numa interpretação simplista do texto de Paulo escrito
aos Coríntios que diz: “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos,
a fim de ganhar o maior número possível.
Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para
os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar
os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse,
não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os
que vivem fora do regime da lei. Fiz-me
fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com
todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me
tornar cooperador com ele. (1Co. 9.19-23).
Para os defensores da batalha do
“ganhar para Cristo” esse texto legitima toda e qualquer forma de conquistar
pessoas para Jesus, afinal, como afirma um ditado popular “tudo é válido na
guerra”.
Com base nesse raciocínio algumas
igrejas patrocinam verdadeiros treinamentos de marketing e vendas para seus
pastores e obreiros com a finalidade de conquistar pessoas para suas
denominações. Promessas de bênçãos, distribuição de brindes, retórica apurada,
técnicas de convencimento e muitas outras estratégias são utilizadas, sob o
pretexto de ganhar almas para Cristo, por igrejas para fazer prosélitos.
O que Paulo diz?
No entanto o texto de Paulo fala
muito mais de empatia do que de técnicas de convencimento, se assim não fosse
que sentido teriam as palavras do mesmo apóstolo quando escreveu: “A minha
palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria
humana, e sim no poder de Deus. ” (1Co. 2.4-5).
Devemos também ter em mente que
quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo é o Espírito Santo (Jo. 16.8)
e não a retórica de algum “iluminado”.
Querer, por meio de nossas habilidades retóricas ou recursos materiais convencer alguém a se converter a Cristo é desprezar a capacidade do Espírito Santo de fazer a Sua obra e, portanto, é uma heresia.
Percebamos que quando Jesus
produzia curas e milagres o fazia para cumprir a Sua missão na terra e por
compaixão de nós, não como estratégia de marketing para atrair adeptos. Cristo
se limitava a anunciar a boa nova e tão somente isso nos comissionou a fazer (Mc.16.15).
As palavras de nossa pregação
devem ter, evidentemente, os limites do bom senso, mas não podemos querer
ajudar a Palavra de Deus a converter quem quer que seja. Querer, por meio de
nossas habilidades retóricas ou recursos materiais convencer alguém a se
converter a Cristo é desprezar a capacidade do Espírito Santo de fazer a Sua
obra e, portanto, é uma heresia.
Contentemo-nos em utilizar, em
nossa pregação da Palavra, tão somente a Palavra de Deus e esqueçamos as
peripécias publicitárias quando apresentarmos Cristo; lembremos que nenhum
esforço humano é superior ao poder de Deus e que sem Ele nada podemos fazer (Jo.15.5).
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