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AS NOVAS INDULGÊNCIAS - PARTE 1

Na postagem de hoje quero conversar especificamente com o público de fé protestante ou evangélica, embora todos possam refletir sobre os pontos de fé colocados aqui.

Quando Martinho Lutero afixou suas 95 teses nas portas da igreja de Wittenberg em 3 de outubro de 1517, ato que veio a provocar posteriormente a Reforma Protestante, ele questionava teologicamente uma prática da Igreja Católica da época: a indulgência.

Por se tratar de um tema relativamente complexo proponho um estudo em duas partes a serem publicadas nas postagens do blog Preceitos de Fé. Iniciemos então com uma análise minuciosa desse fato:

As Indulgências

Na crença católica do século XVI as indulgências estavam ligadas ao chamado sacramento da penitência que se referia ao arrependimento do pecado que, segundo se cria, gerava a culpa e o castigo. Acreditava-se que a Igreja tinha o poder de conceder o perdão dos pecados por meio da confissão a um sacerdote e da reparação ou expiação. Essa reparação deveria ser feita aqui na Terra ou no purgatório.

Mt. 4.17

Falando resumidamente podemos dizer que essa reparação concedida pela Igreja (a indulgência) passou a ser vendida, de forma que o arrependimento não era mais o fundamental, mas a compra da indulgência. Inicialmente elas só se referiam as penas temporais impostas pela Igreja, porém depois passou a valer para as penas que deveriam, segundo a fé católica, ser expurgadas no purgatório e por fim passou até mesmo a valer para os pecados dos parentes já falecidos.

Inconformado com essa prática, o monge católico Martinho Lutero lançou, afixando as 95 teses, uma convocação geral para debater a respeito da validade da doutrina das indulgências.

Quero destacar aqui apenas algumas das 95 teses de Lutero, à guisa de exemplo, pois julgo muito importante refletirmos nelas diante da realidade atual da igreja evangélica no Brasil.

Algumas Teses

Tese 32: Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

Tese 46: Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa, e de forma alguma desperdiçar o dinheiro com indulgências.

Tese 54:  Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências que àquela palavra.

Tese 66: os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

É evidente que as indulgências eram uma forma extorsiva de pregação da salvação pelas obras...

Os questionamentos de Lutero se referiam a uma prática, hoje abolida, da Igreja Católica Romana da época que evidentemente estavam em desacordo com a Palavra de Deus. Hoje a própria igreja romana reconhece que houve distorções e abusos nessa prática.

A ideia da necessidade das penitências (de onde vem as indulgências) certamente passa pela interpretação da palavra grega Μετανοειτε (arrependei-vos) no texto de Mateus capítulo 4, versículo 17 que Jerônimo em sua tradução da Bíblia (Vulgata Latina) traduziu para o latim Poenitentiam (fazei penitência). O texto diz: “Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” (Mt. 4.17).

É evidente que as indulgências eram uma forma extorsiva de pregação da salvação pelas obras e, portanto, contrária à Palavra de Deus que nos afirma na carta de Paulo aos efésios: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Ef. 2. 8-9), e na primeira epístola de João: “[...] o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (1Jo. 1.7c).

Porém devemos nos perguntar se não vivemos hoje uma nova era de “indulgências”, porém, desta feita, na igreja evangélica brasileira. A esse respeito falaremos na SEGUNDA PARTE do nosso estudo a ser publicada na próxima postagem do blog Preceitos de Fé. Então, até lá.

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