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AS NOVAS INDULGÊNCIAS - PARTE 2

Na PRIMEIRA PARTE deste estudo compreendemos o motivo principal do movimento de reforma da igreja iniciado por Lutero que resultou na Reforma Protestante. No post de hoje falaremos a respeito do cenário que vemos hoje em muitas igrejas evangélicas e sua relação com a indignação que causou em Lutero o desejo de reformas no século XVI.

Na Igreja Católica do século XVI as indulgências, não obstante contrárias à pura pregação do Evangelho de Cristo, ainda se utilizavam de um desejo do povo de se sentir bem diante de Deus e ter seus pecados perdoados por Ele, ou seja, havia um pano de fundo, ainda que manchado pelas distorções, espiritual, religioso.

O Comércio

Porém o que vemos hoje em muitas igrejas ditas evangélicas no Brasil é o comércio puro e simples de bens materiais em nome de Deus. O motivo não é mais uma pretensa purificação, o arrependimento e o perdão dos pecados em troca da compra de cartas de indulgências, mas o recebimento de bens materiais (carro, casa, casamento, prosperidade, saúde, emprego...) em troca de dízimos e ofertas.

Rm. 8.37

O comércio é tão descarado que se chega a vender pretensas “relíquias” da Terra Santa para que, segundo pregam alguns, se tenha acesso às bênçãos de Deus. E não poupam nem os mais humildes que por vezes entregam tudo o que tem para seu sustento em troca da promessa de ter seus desejos atendidos. Não contrariam a Tese 46? Se todas as igrejas ditas evangélicas possuem sua origem no movimento iniciado por Lutero, porque muitas sequer seguem as recomendações de suas teses, uma vez que resistem em seguir a Bíblia?

Quantas vezes talvez você mesmo já tenha visto cultos onde se dá mais ênfase à coleta de dízimos e ofertas em troca de bênçãos do que a pregação da Palavra de Deus. Tais pastores não conhecem a Tese 54?

O fato é que para supostamente apresentar fundamento bíblico as suas loucas pregações comerciais distorcem textos sagrados, tirando-os do contexto maliciosamente, como por exemplo a afirmação de Paulo aos filipenses que diz: “tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp. 4.13) que querem fazer entender que o apóstolo está afirmando que quem está na igreja tem poder para fazer e possuir qualquer coisa, mas que na verdade se trata de uma declaração de Paulo de que ele (e quem estiver unido a Cristo) pode ter uma vida tranquila ou cheia de tribulações e ainda assim estará contente em qualquer situação.

A barganha com o Criador também é fundamentada, por tais pregadores das “indulgências 2.0”, na afirmação de Paulo aos romanos que diz “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm. 8.37), que na verdade é uma declaração paulina de que ele (assim como todo aquele que está em Cristo) é capaz de suportar as tribulações sem abandonar a fé.

A Traição

Em textos espirituais como esses encontram motivos para vender, não indulgências que simulavam o arrependimento do pecador, mas a descarada ganância de líderes e membros que parecem se reunir em um mercado onde se trocam todo tipo de “benção” sem a necessidade de trabalho, de quebrantamento, de contrição, de arrependimento. O que estão fazendo tais pessoas senão traindo a Jesus em troca de moedas de prata como fez Judas? (Mt. 26.15).

Aliás quando Cristo viu comércio sendo realizado no pátio do templo expulsou os comerciantes dizendo: “Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.” (Jo. 216b).

O que diriam Lutero e Calvino se vissem em que se transformou o movimento que buscava tão somente a purificação da Igreja? Proporiam uma nova reforma? Será que não necessitamos de fato de um novo movimento que busque o retorno da essência do cristianismo nas igrejas ditas evangélicas?

O que estão fazendo tais pessoas senão traindo a Jesus em troca de moedas de prata como fez Judas?

É importante que estejamos todos nós, membros e líderes de igrejas, atentos ao alerta de Deus por meio do Profeta Ezequiel que diz: “[...] Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo.” Ez. 34. 2-5).

Encerramos aqui este rápido estudo que, para mim, foi muito gratificante e espero que tenha sido também para os irmãos e irmãs. Desejo que o Espírito Santo fale mais aos nossos corações.

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