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FILHOS DE DEUS

Quando o evangelista João escreve, “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (Jo. 1.12), ele está revelando uma diferença fundamental entre a Lei e a Graça. Essa diferença é a liberdade.

A Lei

Encontramos em diversos textos do Novo Testamento a indicação de que com Cristo nós fomos libertos dos rigores da Lei do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo afirma peremptoriamente que “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.” (Gl. 5.1). Porém, é o mesmo apóstolo quem afirma que essa liberdade não deve dar ocasião a nos acumularmos de pecados (Rm. 6.15). Precisamos compreender corretamente em que consiste tal liberdade.

No Antigo Testamento, não obstante Deus já indicava que desejava ter uma relação de Pai e Filhos com Seu povo (2Sm. 7.14), os hebreus se encontravam, em virtude de sua dura cerviz (Mt. 19.8), na posição de servos do Senhor e com isso tinham uma relação com Deus em que Ele ordenava e Seu povo era obrigado a cumprir. Por isso a relação era do tipo: você pode/deve fazer isso – você não pode fazer aquilo. Embora, como já explicado em outro post aqui de Preceitos de Fé, a palavra obedecer – no sentido de alguém ser obrigado a obedecer ao Senhor- não é utilizada em nenhum lugar do Antigo Testamento.

Nisto consiste a liberdade: ser livre de seguir o desejo de seu coração em fazer a vontade de Deus...

Ocorre que, como bem sabemos, ninguém é capaz de cumprir diariamente todos aqueles mandamentos expressos nos textos da Antiga Aliança (ou Primeira Aliança, como denominam alguns). Dessa forma os que se colocam sob o julgo da Lei exibem um de dois comportamentos possíveis: ou receiam em comparecer diante do Senhor, pois sabem que não cumprem exatamente Seus mandamentos, ou desenvolvem a hipocrisia e tentam enganar o próprio Deus com seus rituais, palavras e aparência de santidade. Esta última posição foi duramente criticada por Jesus.

A Graça

Aqueles que entendem que estão libertos, em Cristo, do julgo da Lei reconhecem que são fracos e incapazes de cumprir qualquer obra ou mandamento de forma que satisfaça os padrões divinos, mas sua relação com Deus não é a de um servo com seu senhor mas de um filho com seu pai, por isso compreendem que o amor paterno aceitará as obras de seus filhos ainda que estas sejam (e são) incompletas, imperfeitas e rudes. Pois, da mesma forma que em uma criança que começa a dar seus primeiros passos, existe o firme propósito de acertar e caminhar corretamente, neles nasce o desejo de fazer a vontade do Senhor.

Gl. 5.1

Porém, é importante lembrar que a necessidade de existir esse desejo de cumprir a vontade de Deus é condição sine qua non para estarmos incluídos no rol dos que são feitos filhos de Deus. No entanto esse desejo, como o próprio termo esclarece, não é uma obrigação imposta, mas uma vontade como que irresistível de agradar a Deus. Nisto consiste a liberdade: ser livre de seguir o desejo de seu coração em fazer a vontade de Deus, não por ser obrigado a fazê-la, mas porque o Senhor, que faz em nós o querer e o realizar (Fp. 2.13), tocou o seu coração.

Portanto, vale lembrar o alerta que Calvino nos deixa em suas Institutas da Religião Cristã: “Mas os que inferem daqui que podemos pecar, uma vez que não estamos mais sob a lei, que entendam que essa liberdade nada tem a ver com eles. Pois seu propósito é animar-nos para o bem.”.

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