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OS ESPÍRITOS EM PRISÃO - PARTE 1

Algumas pessoas ao lerem a primeira carta de Pedro acreditam que no versículo 19 do capítulo 3 o apóstolo está afirmando que Jesus, durante os três dias em que seu corpo passou no coração de terra (Mt. 12.40), foi ao inferno pregar aos espíritos que lá estavam, afirmam inclusive que alguns foram resgatados de lá em virtude dessa pregação. Vejamos o texto dos versículos 18 e 19 da referida carta de Pedro: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão” (1Pe. 3.18-19).

O Inferno

Pv. 5.22

Embora a palavra inferno não seja encontrada nesses versículos é provável que a associação do termo prisão com o inferno aconteça em virtude de o texto afirmar que Cristo morreu pelos pecados. A ideia que relaciona pecado e prisão é reforçada no capítulo 5 de Provérbios que diz: “Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido.” (Pv. 5.22). A relação entre pecado, inferno e prisão é muito comum na cabeça dos cristãos.

É possível também que o texto do versículo 4 do capítulo 2 da segunda carta de Pedro, que toca tangencialmente o assunto abordado no capítulo 3 da primeira carta do apóstolo, também contribua para essa associação. Diz o texto: “Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo” (2Pe. 2.4).

Mas será que, de fato, Jesus após entregar Seu espírito ao Pai (Mt. 27.50), desceu ao inferno para resgatar alguns que não deveriam permanecer lá? Será que o apóstolo Pedro está ensinando isso?

Por se tratar de um tema relativamente complexo proponho um estudo em três partes a serem publicadas nas postagens do blog Preceitos de Fé. Iniciemos então com uma análise minuciosa desse fato:

O Tema

É importante salientar inicialmente que essa interpretação não é uma novidade do mundo contemporâneo, alguns livros apócrifos escritos não muito tempo após a crucificação de Jesus já traziam essa ideia, inclusive alguns relatando que a descida de Cristo ao inferno se deu para que Ele pudesse pregar e resgatar os patriarcas e profetas de Israel (Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Isaías etc) que por terem vivido antes de Jesus não conheciam a Sua palavra e portanto aguardavam esse momento para ascenderem aos céus.

Ao lermos com atenção estes versículos percebemos que Pedro não está abordando o tema da morte e ressurreição de Jesus...

No entanto para analisarmos essa questão se faz necessário que observemos inicialmente todo o texto do capítulo 3 da primeira carta de Pedro que se relaciona com esse assunto. O texto diz, a partir do versículo 13: “Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal. Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água, a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes.” (1Pe. 3. 13-22).

Ao lermos com atenção estes versículos percebemos que Pedro não está abordando o tema da morte e ressurreição de Jesus, mas escrevendo a respeito do comportamento que deve ter o cristão mesmo em momentos de sofrimento, que deve seguir o exemplo de Cristo, de sua longanimidade. Veja o texto diz: “Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois.” (vs. 13-14a) e em seguida diz: “porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.” (v. 17).  O texto diz então que os cristãos devem buscar serem bons, agirem com mansidão e temor (v. 16) mesmo que sejam injustiçados.

No entanto, ainda que o texto de Pedro não se refira ao tempo entre a morte de Jesus e Sua ressurreição, o que queria nos dizer o apóstolo quando se referiu aos espíritos em prisão? Essa e outras perguntas responderemos na SEGUNDA PARTE deste estudo a ser publicada na próxima postagem do blog Preceitos de Fé. Então, até lá.

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