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O QUE PRECISAMOS SABER SOBRE O ATO DE JULGAR

É comum ouvirmos no meio cristão a seguinte afirmação imperativa: não julgueis. Certamente tal axioma, em nosso meio, tem origem no relato de Mt. 7. 1-5, onde Jesus afirma que não devemos julgar para não sermos julgados, pois com o critério que julgarmos também seremos julgados.
No entanto, precisamos fazer algumas observações.

Os julgamentos

A vida do ser humano não é possível sem realizarmos julgamentos diários, e o fazemos desde a infância. Julgamos se um alimento é bom ou ruim, se determinado objeto é perigoso ou não, se um caminho é o mais curto ou o mais longo, se certo texto é fácil ou difícil e assim sucessivamente.
Mt. 7,1
Vivemos constantemente realizando julgamentos de valor.
Outro ponto que normalmente é muito confuso na ideia de muitas pessoas é a relação que fazem do julgamento com o preconceito. O julgamento que fazemos diariamente de situações em nosso cotidiano não são, necessariamente, baseados em intolerância ou superstição, nem mesmo carente de dados que fundamentem nossas opiniões e escolhas, na verdade a maioria deles são fundamentados em conhecimentos adquiridos e logicamente justificáveis. Ocorre que quando ouvimos a palavra julgar ou julgamento normalmente somos remetidos à ideia de preconceito.
Na verdade o próprio preconceito, entendido como conceito prévio de algum objeto ou situação, também é muito comum no nosso dia-a-dia, pois não temos como conhecer todas as coisas, só Deus é onisciente, portanto costumeiramente realizamos julgamentos de valor utilizando-nos das associações de ideias, ou seja julgamos determinadas situações novas em nossas vidas tendo como base situações, a nossos olhos, semelhantes, ocorridas anteriormente, ou seja utilizamos um conceito prévio para julgarmos tal situação.
Mas, o que dizer do julgamento que fazemos de pessoas e suas atitudes? Jesus parece ter proibido tal julgamento em Mt. 7.1-5.

Muitos outros exemplos existem na Palavra de Deus a respeito de julgamento de valor ...

Vejamos o que diz a Bíblia sobre o tema.
O apóstolo Paulo, após alertar para a necessidade da vigilância constante, uma vez que o dia da volta de Cristo seria a qualquer momento, recomenda aos irmãos de Tessalônica que eles deveriam julgar todas as coisas e reter o que é bom (1Ts. 5.21) e em seguida diz que deveriam se abster de toda forma de mal. Nessa passagem está bem clara a importância do julgamento de valor a respeito de tudo, pois só assim seria possível identificar o que era bom.
No livro de Atos dos Apóstolos encontramos no capítulo 18 o relato de que certo Judeu de nome Apolo, homem eloquente nas Escrituras, chegara a Éfeso e “ensinava com precisão a respeito de Jesus” (At. 18.25). No entanto, ouvindo-o, Priscila e Áquila, judeus, cristãos, cooperadores de Paulo (Rm. 16.3), tomaram-no à parte e “com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus” (At.18.26). Nesse relato, claramente, Priscila e Áquila ouviram as palavras de Apolo e as julgaram, e como perceberam-nas incompletas, pois, Apolo só conhecia o batismo de João (At. 18.25), decidiram orienta-lo nos assuntos que Apolo ainda não conhecia.
Como Priscila e Áquila poderiam perceber falhas nas palavras de Apolo se não as julgasse enquanto ouviam?
No Antigo Testamento, vemos a recomendação do salmista para não andarmos no conselho dos ímpios, nem nos determos no caminho dos pecadores nem mesmo nos assentarmos na roda dos escarnecedores (Sl. 1.1). Como identifica-los sem fazer julgamento de suas palavras e atitudes?
Na Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, o apóstolo cita dois irmãos da igreja que “naufragaram na fé” (1Tm. 1.19), são eles Himeneu e Alexandre (1Tm. 1.20) a quem entregou às próprias escolhas. Como Paulo sabia que haviam naufragado na fé, sem julgar suas atitudes?
Muitos outros exemplos existem na Palavra de Deus a respeito de julgamento de valor a respeito de atitudes e comportamentos, de pessoas.
Então o que dizer das palavras de Jesus em Mt. 7.1-5? O que, de fato, Ele estava dizendo?

O significado das palavras de Jesus

Certamente, Jesus não estava proibindo fazermos julgamentos, no sentido de analisarmos e avaliarmos, palavras, comportamentos e atitudes, pois, caso contrário, o Senhor, que nos deu a liberdade de escolha e a inteligência, a lógica e o bom senso, estaria nos pedindo agora que não utilizássemos nada disso e nos tornássemos simplesmente autômatos acéfalos que apenas acompanham o que a multidão faz ou o que um líder eloquente determina.
Jesus se referia ao juízo condenatório, ao ato de nos colocarmos na posição de condenar alguém. Esse julgamento que avalia, condena e define a pena, não pertence a nós, mas apenas ao Senhor (Dn. 9.7).
No entanto, julgarmos e avaliarmos comportamentos, atitudes e palavras, esse sim, temos o direito e o dever de exercermos, tanto com respeito a nós como com relação a outras pessoas, pois só assim saberemos que exemplo estamos dando da nossa fé, bem como identificaremos quais companhias nos ajudarão a trilhar o caminho estreito e quais procurarão nos atrair para o caminho da perdição (Mt.7.13-14).
A falácia de que não devemos julgar o comportamento de pastores, diáconos, líderes e irmãos dentro da igreja tem sido utilizada como arma satânica para que heresias, mundanismos e pecados se infiltrem e sejam praticados nas congregações, sem que nenhuma voz se levante para combatê-los e, com o tempo, as leve a apostasia e a morte da própria igreja.

Por isso, é importante estarmos sempre alertas, vigiando e orando (Mt. 26.41) e se, necessário, admoestando e repreendendo com o amor de Cristo, pois bem sabemos que só esse amor tem o poder de cobrir a multidão de pecados (1Pe. 4.8).
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