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AS DUAS FACES DA EXPULSÃO DO HOMEM DO PARAÍSO

Em um texto anterior, intitulado As Obras do Homem, abordei a expressão da justiça e da misericórdia de Deus, no ato da expulsão do homem do jardim do éden, do ponto de vista da ação humana. Naquela oportunidade, evidenciei como a Palavra de Deus demonstra a inutilidade das obras humanas e sua insuficiência para prover a própria salvação.
Agora proponho um estudo em três partes onde abordarei a justiça e a misericórdia divina do ponto de vista de sua transcendentalidade.
Deus criou o homem e o colocou no jardim do éden para o cultivar e o guardar (Gn.2.15). Lá o Senhor fez crescer muitas árvores, dentre elas a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn. 2.9).
Gn. 2.17
Ao homem, Deus disse que ele poderia comer de toda a árvore do jardim livremente (Gn. 2.16), porém, o proibiu de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn. 2.17). Notem, que o homem poderia comer de qualquer árvore do jardim, de tantas que lá havia, exceto de uma única árvore.
Mas, neste momento, surge uma pergunta: por que Deus faz tal proibição? Para respondermos a essa pergunta precisamos compreender um pouco sobre a natureza da árvore do conhecimento do bem e do mal. Uma análise criteriosa do texto bíblico nos dará tal compreensão.

O fruto improdutivo

Ao proibir ao homem de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal Deus esclarece: “porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. ” (Gn.2.17). E essa morte está também relacionada com a natureza da própria árvore.
Veja, ao criar o homem, Deus determinou que ele se alimentasse das ervas que davam semente e de todas as árvores que possuíam fruto com semente, pois bem, no versículo 9 do capítulo 2 do mesmo livro de Gênesis Deus coloca no jardim uma grande variedade de árvores, inclusive a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn. 2.9), porém proíbe ao homem comer desta última (Gn. 2.17). Uma vez que a alimentação do homem incluiria toda árvore que possuía fruto com semente, fica fácil perceber que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não tinha semente.

... o conhecimento puro e simples, o conhecimento pelo conhecimento, não dá frutos porque encerra-se em si mesmo

Em uma árvore é a semente que transmite a vida para geração de novas árvores da espécie, assim como no ser humano o espermatozoide e o óvulo é que transmitem as características genéticas das vidas dos pais. Aliás, a palavra usada para semente nesse texto em hebraico é זרע (zorêa) que significa tanto semente como sêmen.
A árvore do conhecimento do bem e do mal não poderia mesmo ter semente, pois o conhecimento puro e simples, o conhecimento pelo conhecimento, não dá frutos porque encerra-se em si mesmo. A frase atribuída ao filósofo grego Sócrates, segundo a qual “Só é útil o conhecimento que nos torna melhores” tem fundamento, pois o próprio Senhor Jesus afirmou que não se acende uma candeia para se colocar debaixo do alqueire e nos ordena fazer brilhar a nossa luz (Mt.5.15 - 16) e bem sabemos que o conhecimento que realmente nos transforma em novas criaturas (2Co. 5.17) é o conhecimento do Senhor, pois este é o princípio da sabedoria (Pv. 9.10).

O conhecimento do mal

O conhecimento que não é produtivo, que não nos torna melhor e que não brilha em boas obras apenas alimenta a vaidade e sobre isso nos alertou o escritor de Eclesiastes ao dizer: “Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. ” (Ec. 12.12).
Ora, aquele conhecimento que daria o fruto da árvore não produziria nada de bom ao homem, primeiro porque ele só viria através de uma desobediência ao Senhor, segundo porque a única coisa que ele poderia acrescentar ao homem era o conhecimento do mal, pois o bem o homem já conhecia, ele vivia no jardim do éden onde o próprio Deus andava pela viração do dia (Gn. 3.8), vivia em harmonia com os animais que não o temiam (Gn. 2.19-20) e desfrutava de todo o produto de seu trabalho livremente (Gn. 2.16).

... o homem já possuía todo o conhecimento de que necessitava, pois vivia em comunhão com o Senhor no jardim e conversava diretamente com Ele

O homem não conhecia tudo isso como “bem”, apenas como natural, pois o bem, que ele vivia no paraíso era natural para ele. O conceito de bem não existe sem o conceito de mal, pois sem este não há com o que comparar aquele. No paraíso o bem e o natural eram sinônimos, era a única coisa que havia.
Veja o homem já possuía todo o conhecimento de que necessitava, pois vivia em comunhão com o Senhor no jardim e conversava diretamente com Ele (Gn. 1.28-29) e Deus também havia colocado no jardim a árvore da vida, essa sim produzindo frutos com semente, que lhe permitiria viver eternamente, mas o homem preferiu comer da árvore proibida.
Neste ponto surge uma nova pergunta: “Se era proibido ao homem comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, por que Deus a plantou no jardim? ”. Para responder a essa pergunta conheceremos alguns dos atributos do Senhor na Segunda Parte desse estudo sobre “As duas Faces da Expulsão do Homem do Paraíso”. Então, até lá.

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